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 Em 26 de agosto próximo passado Campo Grande completou 116 anos. É uma cidade muito nova, plantada no cerrado pelas mãos das famílias mineiras que aqui pararam depois de uma longa e sofrida viagem.

Fundada e desenvolvida por gente ordeira e operosa e que os descendentes viram pouco a pouco desabrochar, tomar forma, embelezar e não sem merecimentos ser chamada de Cidade Morena ou a linda Cidade Morena.

Ela teve uma característica. Todos que aqui chegavam se apaixonavam. Como não poderiam se apaixonar por esta cidade organizada, organizada em quadras regulares, urbanizada e principalmente arborizada.

Com o passar das décadas ela foi firmando cada vez mais a sua identidade, caracterizada pelos diferentes tons que possui de acordo com as diferentes épocas do ano.

Assim, de morena veste-se de loura quando as paineiras das marginais se cobrem de flores brancas e que brilham devido ao contraste. Ou ainda dourada quando os seus cabelos loiros brilham nos ”pingos de ouro”, tornando tudo mais claro e mais bonito.

O que falar das madeixas avermelhadas ou arroxeadas dos ipês roxos no final do outono dando um colorido difícil de não se ficar extasiado, e com mechas dos ipês brancos em menor quantidade, mas mostrando um contraste não só agradável à vista, mas que incentiva a observação e comparação.

O que dizer quando as árvores ressequidas e com aparência de queimado explode no colorido que brilha ao sol, e que resplandece em toda a cidade mostrando-se luxuriante com as flores amarelas, que permanecem nas árvores por poucos dias, e depois num caprichoso calendário, forma um tapete que não só é agradável de se olhar como macio ao pisar.

Terminou? Não. ainda resta a convivência que alguns acham impossível de se combinar, que se mostra difícil em acreditar, mas quando aparecem, não há quem deixe de se admirar da explosão do brilhante das folhas verdes com o colorido intenso avermelhado e flamejante dos flamboyants.

Todos os governantes cuidaram da Morena como quem cuida de sua casa, com carinho, com cuidado. Assim, a limpeza da cidade sempre foi admirada assim como o cuidado com as ruas, sempre sem buracos. Os governantes sempre “capricharam” na sua manutenção.

Alguns cuidaram mais da limpeza e da jardinagem das ruas, outros com cuidados constantes não permitiam o aparecimento de buracos, enquanto que outros fizeram planos de tal forma que dentro de alguns anos todas as ruas fossem arborizadas e coloridas.

Sempre foi conhecida como a cidade que era o jardim de nossa casa, cuidada, penteada, retocada, perfumada e sempre apresentável para as pessoas de outros locais que aqui acorriam.

Mas, sempre tem um mas. Não há bem que dure para sempre diz o velho adágio popular.

Hoje nós vemos a bela Morena irreconhecível. Suas ruas e avenidas, antes limpas e irretocáveis estão cheias de lixo, com buracos incontáveis. Mesmo nas ruas centrais por vezes temos que escolher qual o buraco menor para passar, ou então ver qual a sequencia de crateras que possam causar menos dano ao veículo.

Se saímos da região central então o festival de crateras se diversifica, com diferentes tamanhos e diferentes profundidades e ainda com sujeira, vegetação com o aspecto de sujeira pois já deixada de lado os seus cuidados.

Os tapetes floridos e perfumados deram origem aos logradouros sem nenhuma manutenção, com os gramados sujos de ervas daninhas e avançando pelas ruas ou então, pior ainda, servindo de tapete para as crateras.

O que foi feito, ou o que foi deixado de fazer pela nossa morena? Foi abandonada, ficou desleixada, ao abandono das pessoas que aparentemente não nutrem por ela a mesma afeição que os outros governantes nutriram. Hoje vemos com muita tristeza este retrato de abandono, descaso e desleixo.

E as justificativas? Quem deveria dar seriam os últimos governantes. Mas nenhuma explicação, nenhuma justificativa seria aceitável no desfiguramento brutal da nossa morena.

Algumas explicações têm sido timidamente explicitadas e dificilmente compreensíveis: Furo no orçamento? Transição de gestão? Desvio dos valores? Contratos fraudulentos? Enfim, nenhuma destas possibilidades apresentam uma explicação minimamente coerente, que não seja a incompetência, revanchismo, e porque não o descalabro com a coisa pública?

Lamentavelmente, parece que teremos de esperar alguns anos, quando os governantes se derem conta das violências cometidas por eles em nossa morena… e aguardando que ela possa voltar a ser a mesma.

 

 Dr. Juberty Antonio de Souza

Um apaixonado por esta Morena.

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