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Conselho Regional de Medicina

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Marli Lange e João Rocha Dourados – As informações que serão prestadas ao Ministério Público Federal (MPF) pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) acerca das mortes ocorridas no Hospital de emergência e Trauma (HUT), de Dourados, revelam um dado assustador: seriam, na verdade, 412 mortes de janeiro a dezembro de 2008. À reportagem do O PROGRESSO, em 5 de fevereiro deste ano, foi revelado extraoficialmente que seriam 190 mortes de junho a dezembro, depois que o HE suspendeu a parceria com o município. O novo número de óbitos chega a aproximadamente 12% do total de internações do ano, que foram mais de três mil ao longo de 2008. O índice de óbitos foi mais que o dobro do tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que preconiza 5% em números de mortes em hospitais. A informação partiu do presidente do CMS, Wirson Cezar Medeiros, à reportagem veiculada, ontem à noite, na Rede Internacional de Televisão (TV Rit), no programa «Rit Cidade». Medeiros revela que chegou aos números após receber um relatório de registro de óbitos. O procurador da República Raphael Otavio Santos abriu um processo de investigação, na segunda-feira passada, para saber as reais causas dessas mortes. Muitas mortes, para Medeiros, teriam ocorrido depois que o Hospital Evangélico (HE) suspendeu a parceria com a Prefeitura, em junho do ano passado, para os atendimentos de alta complexidade, já que o HUT, que não conta com neurocirurgiões para prestar atendimento aos casos de poli- traumatismo e UTI. Como o HE havia suspendido o suporte e o Hospital Universitário (HU) contava com apenas um neurologista (que atenderia clinicamente), os casos graves passaram a ser encaminhados à Santa Casa, em Campo Grande, que vive em constante superlotação, já que dá suporte aos 78 municípios do Estado. Muitos pacientes encaminhados em estado grave pelo HUT não chegavam a sobreviver, ou pela viagem – são 220 quilômetros entre Dourados e Campo Grande – ou pela superlotação da Santa Casa. Wilson lembra que foi disponibilizada pelo governo federal uma verba para aquisição de 22 leitos de UTI, mas até hoje não foram entregues. O secretário municipal de Saúde Edvaldo Moreira admitiu à reportagem da TV Rit, que o HUT foi criado para atender os casos de urgência, mas não está totalmente aparelhado para essa finalidade desde a gestão passada, quando o HE cancelou a contratualização com o Sistema Único de Saúde (SUS). Edvaldo Moreira denominou o HUT como «um verdadeiro ‘postão’ de saúde 24 horas». A Assessoria de Imprensa da Prefeitura informou que uma equipe da Secretaria Estadual de Saúde estaria em Dourados, para fazer um levantamento geral da saúde no município e verificar a estrutura dos hospitais para, possivelmente, concretizar em breve um contrato entre Prefeitura e HE. A proposta é que o HE assuma a gestão do HUT e Hospital da Mulher (HM), já que teria toda a estrutura de alta complexidade e corpo clínico suficientes para atender os casos mais graves. (fonte: jornal O Progresso – 18.02.09)

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