sepse2016

Os profissionais de medicina intensiva têm uma grande preocupação em relação aos pacientes internados nas UTIs mundo afora. A sepse, popularmente conhecida como infecção generalizada, é um conjunto de sintomas que mostra um quadro de estado inflamatório em todo o organismo. Causada por agentes infecciosos (vírus ou bactérias) no sangue, faz que vários órgãos do corpo passem a apresentar sinais da síndrome. No Brasil, a sepse é responsável pela ocupação de 25% dos leitos das UTIs, segundo estudo realizado em 2014. Os números relativos à prevalência apontam para 28,1% dos indivíduos internados, sendo que o índice de mortalidade chega a 54,5% dos pacientes.

Pela gravidade da doença, o dia 13 de setembro foi escolhido como uma data de conscientização e educação sobre o tema. Em 2016, a AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) reforça o tema com a divulgação dos dados do estudo Sepse 3.0, uma pesquisa conduzida por uma força tarefa de especialistas dos Estados Unidos e Europa, que promoveu uma atualização para a definição destas ocorrências médicas.

Com a mesma preocupação, o Conselho Federal de Medicina (CFM) orienta que em todos os níveis de atendimento à saúde (de unidades básicas de saúde a unidades de terapia intensiva) sejam estabelecidos protocolos assistenciais visando o reconhecimento precoce e a pronta instituição das medidas iniciais de tratamento aos pacientes com sepse, também conhecida como infecção generalizada – de alta mortalidade no país, principal causa de morte nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), e a principal geradora de custos nos setores público e privado.

A diretriz está na Recomendação 6/2014 que, entre outras providências, sugere ainda a capacitação dos médicos para o enfrentamento deste problema cada vez mais incidente – devido ao aumento da população idosa e do número de pacientes imunossuprimidos ou portadores de doenças crônicas, criando uma população suscetível para o desenvolvimento de infecções graves.

O Terceiro Consenso Internacional sobre Sepse e Choque Séptico (Sepse 3.0)

O estudo Sepse 3.0 foi coordenado pelo dr. Mervyn Singer, professor de Medicina Intensiva na University College de Londres, e teve a participação de 19 especialistas em cuidados intensivos, doença infecciosa, cirurgias e doenças pulmonares dos Estados Unidos e Europa, visando um consenso sobre as definições de sepse e choque séptico. Segundo o dr. Singer, “a sepse tem significados diferentes para médicos diferentes. Os dados americanos não condizem com os brasileiros, que por sua vez não coincidem com os ingleses. Isso se deve à forma como descrevemos nossos pacientes. Quando falamos de choque ou disfunção de órgãos, nem sempre queremos dizer a mesma coisa”, explica.

Para mudar essa realidade, o grupo avaliou quais critérios clínicos identificam pessoas já infectadas ou com maior probabilidade de ter sepse. O objetivo foi atingido por meio de entrevistas com um vasto número de pacientes hospitalizados. De acordo com a nova abordagem, a sepse deve ser definida como uma disfunção de órgãos com risco de vida, provocada por uma infecção. Já o choque séptico deve ser definido como um subconjunto de casos de sepse, com maior risco de mortalidade, o que está relacionado a profundas alterações circulatórias, celulares e metabólicas.

O dr. Murillo Santucci Assunção (SP), médico intensivista do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente do Comitê de Infecção da AMIB, lembra que os estudos epidemiológicos existentes no país apontam para uma alta incidência de sepse. “Podemos entender que a alta mortalidade acaba envolvendo pacientes que estão com disfunção orgânica, ou seja, aqueles doentes que têm a sepse dentro das novas definições”, explica.

Segundo ele, muitos brasileiros apresentam um quadro grave quando são observadas as funções orgânicas. Por isso, é importante desenvolver o diagnóstico de sepse baseado nas novas definições. “Precisamos olhar os doentes que estão na terapia intensiva para entender de que maneira estão desenvolvendo o diagnóstico quando são observadas disfunções orgânicas”, afirma.

“O doente que chega ao pronto socorro e tem uma suspeita de infecção deve ser tratado rapidamente. Se você deixar de intervir e não avaliar as outras funções orgânicas, a chance do seu estado se deteriorar é muito maior. Talvez isso deixe claro a importância das novas definições”, complementa.

Campanha de prevenção da infecção nas UTIs

A ação sobre o Dia Mundial da Sepse é parte da campanha permanente sobre prevenção das infecções em UTIs promovida pela AMIB. Em 2016, a Instituição escolheu o tema “Prevenção da Infecção na UTI: Prevenção da Infecção de Corrente Sanguínea Associada a Cateter Venoso Central”, como tema da campanha, que conta com parceria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O principal objetivo é conscientizar profissionais de saúde e a população em geral sobre o problema.

Os dados de notificações do governo federal apontam que 45% dos pacientes internados em UTIs desenvolvem processos infecciosos, sendo que quase metade dessas pessoas adquiriu a infecção dentro da Unidade de Terapia Intensiva. As infecções sanguíneas causadas por mau uso do cateter estão em quarto lugar na estatística, atrás apenas de pneumonia associada à ventilação mecânica, infecção de trato respiratório e infecção de trato urinário.

Fonte: AMIB, com edições

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