Marcelle Souza Os primeiros casos notifiacados de hanseníase no Brasil são de 1600 no Rio de Janeiro. Antes chamada de lepra, a doença era extremamente estigmatizada e os doentes eram enviados para os leprosários. A medicina evoluiu, a palavra lepra foi substituída por hanseníase e hoje existe cura. A hanseníase é causada pelo bacilo de Hansen (mycobacterium leprae), que ataca normalmente a pele, os olhos e os nervos. A doença não é hereditária e a transmissão acontece por meio das vias aéreas. O tratamento dura entre 6 meses e um ano e será 100% eficiente caso o paciente siga corretamente as indicações do médico. Não é uma doença hereditária e o contágio acontece pelo ar, mas dificilmente é transmitida em um simples encontro social. Aumentam as chances se há o contato íntimo e freqüente com o paciente, e se o receptor est’s com a imunidade baixa. O formigamento, manchas e perda de sensibilidade às temperaturas, à dor e aos estímulos táteis são os principais sintomas da doença. “Muitos pacientes chegam aqui com manchas e muitas dores”, afirma Rejane Sampaio Ramos, auxiliar de enfermagem do Hospital São Julião. O hospital recebe os casos mais graves e é uma das referências no Brasil no atendimento a hanseníase. Na unidade, os doentes têm tratamento com medicação adequada, fisioterapia, além de assistência social e psicológica. A cada 28 dias, o paciente deve voltar ao local e receber o remédio necessário. Mas segundo Sueli Diório de Almeida, o hospital não é único local capacitado para tratar pacientes com hanseníase. “Campo Grande possui 50 unidades de saúde capacitadas para atender e diagnosticar esses casos. Somente os mais graves são encaminhados para o São Julião, os demais podem ser tratados em postos de saúde ou no outro Centro Especializado Municipal (CEM)”, explica ela, que é gerente técnica do Programa de Controle de Hanseníase da Secretaria Municipal de Saúde. Só são internados no hospital os casos que necessitam do acompanhamento indicado pelo médico. Segundo Rejane, “esses são, principalmente, os pacientes que apresentam surtos reacionais, como febres e caroços”. O tratamento no São Julião é voltado para a reabilitação desses pacientes, que muitas vezes perdem a sensibilidade nos membros afetados. A partir da primeira medicação, o hanseniano já não transmite mais o bacilo. Junto com os remédios, a equipe do hospital oferece palestras sobre a doença para pacientes e familiares. “Existem casais que se separam, patrões que despedem esse paciente. Tudo por desconhecimento”, justifica a assistente social. Ramão Miranda de Oliveira tem 62 anos e está internado no hospital há1 ano e 7 meses. Os sintomas surgiram há 8 anos, quando ele percebeu uma “úlcera no pé”. “No início eu não conseguia nem andar, mas agora já melhorei muito”, conta Ramão. A melhora se limita, porém ao pé esquerdo inchado que ainda faz com que Ramão tenha algumas “escapadinhas”, “Esses dias peguei um rastelo escondido e trabalhei um pouco”, confessa. E é o trabalho que o faz sentir vontade de se curar. Ramão está só de passagem, mas cerca de 15 pessoas são asilados há anos no São Julião por causa do preconceito. Esse tipo de paciente perdeu o vínculo com sua família e hoje o hospital é como se fosse a sua casa. Para evitar que isso aconteça, atualmente o local também trata os pacientes sem que haja necessidade de ficarem longe de suas famílias por períodos prolongados. (fonte: jornal O Estado de Mato Grosso do Sul – 24.04.2008)

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