No Brasil, 70 mil pessoas aguardam na lista de espera por uma doação de órgãos. De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o país realiza cerca de 17 mil transplantes por ano e é considerado modelo em número de transplantes realizados. Porém, o número de doações é baixo, 5,4 doadores por milhão de população (pmp), só no primeiro semestre deste ano. O número representa menos de 25% da lista de espera. Nos últimos três anos, houve uma diminuição no número de doadores efetivos no Brasil. O Registro Brasileiro de Transplantes, divulgado pela ABTO, mostra que em 2004, a taxa foi de 7,3 doadores doadores por milhão de população, em 2005 a taxa foi de 6,4 e em 2006 foi de 6,0. Na avaliação da presidente da ABTO, Maria Cristina Ribeiro de Castro, a queda no número de doadores está associada à falta de incentivo e de campanhas permanentes de esclarecimento a população. “Faltam campanhas permanentes para esclarecimento da população, faltam recursos para as centrais de transplantes para viabilizar a captação de órgãos, falta incentivo dentro dos hospitais para manter a comissão intra-hospitalar trabalhando efetivamente, exclusiva para essa questão. Então, realmente está faltando investimento nesse área”, disse a médica. Castro informou que, apesar da queda dos últimos três anos, o estado de Santa Catarina tem apresentado o melhor índice de captação e doação de órgãos do país. Lá, são 14 doadores por milhão de população, seguido pelo Rio Grande do Sul com 12 por milhão de população. Em todas as demais regiões brasileiras houve queda neste primeiro semestre. O estado catarinense tem seguido o modelo espanhol, considerado o melhor do mundo, com 30 doadores por milhão de população. Nos Estados Unidos e na Europa a taxa fica em torno de 16, segundo dados da ABTO. Para a médica, o que ocorreu em Santa Catarina foi “uma vontade política, investimento da Secretaria de Saúde, da Central de Transplantes e das comissões intra-hospitalares, nos principais hospitais do estado”. Maria Cristina Ribeiro de Castro disse que nesse sistema existem comissões dentro dos hospitais para receber pacientes em estado grave, com trauma de crânio, com derrame cerebral, que podem evoluir para morte encefálica, condição para a doação de órgãos. “Essas comissões ajudam a identificar os potenciais doadores, notificar esse doador para a Central de Transplantes da Secretaria de Saúde, manter esse doador em boas condições para que os órgãos funcionem bem até a retirada, conversar com os familiares e fazer todos os exames necessários até entregar o corpo para a família. Essas comissões têm sido muito úteis nesse processo e tem aumentado muito a capitação de órgãos em vários países”, disse. Castro destacou que, dos 17 mil transplantes feitos por ano, a maioria é de córnea e de tecidos, sendo que em torno de 6 mil transplantes são órgãos sólidos. Três mil transplantes de rins, 900 de fígado e outros com menos quantidade. De acordo com dados da ABTO, esta é a primeira vez, desde 1980, quando tiveram início os programas de transplantes hepáticos, em que foi registrada uma queda de 14% nos transplantes de fígado, passando de 5,5 pmp para 4,8 pmp. O transplante de córnea registrou uma queda de 6% depois de vários anos de crescimento. Já os transplantes renais permaneceram estáveis (98%), enquanto os transplantes de coração (86%) e de pâncrea-rins (95%) continuam caindo. A Campanha Nacional de Doação de Órgãos, que este ano tem como tema “Preserve a vida, seja um doador de órgãos”, pretende esclarecer as principais dúvidas da sociedade, já que a falta de informações confunde a família na hora da decisão. A médica Maria Cristina Ribeiro de Castro lembrou que para doar órgãos não é necessário registrar nenhum documento. Basta que a pessoa expresse em vida o desejo de doar algum órgão, uma vez que, de acordo com a legislação brasileira, a doação só acontece com a autorização da família. Fonte: Portal Médico

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