O Hospital Dia de Campo Grande, especializado em doenças infecto-prasitárias, deixou de marcar consultas médicas por telefone por falta de pessoal. A mudança gera reclamações entre os usuários do hospital, que são na maioria, pessoas com o vírus HIV. Com o cancelamento do agendamento por telefone, os pacientes só podem marcar consultas pessoalmente, no hospital, localizado na saída para Cuiabá. A coordenadora municipal de DST/ Aids, Gisele Maria Brandão de Freitas, garante que não houve prejuízo nas marcações de consultas. Para os pacientes, no entanto, a mudança se reflete em gastos com vale-transporte e faltas no trabalho. Para a artesã Cleonice Rodrigues dos Santos, 47 anos, a mudança só tornou a marcação de consultas burocrática. Ela, que precisa passar por consultas periódicas, reprova a necessidade de ir até o Hospital Dia. “É um absurdo. Recebemos 15 passes (vale-transporte) por mês, daí precisamos gastar dois para marcar e mais dois para fazer a consulta. Além disso, tem os exames e os remédios que precisamos pegar”, contabiliza. Para a presidente do Grupo de Ação e Prevenção às Pessoas Vivendo com HIV/Aids (Gapp), Simone Bitencourt, 32, que mora em Ponta Porã, a 329 quilômetros ao sul de Campo Grande, a marcação por telefone garantia. que ela própria agendasse suas consultas. “Podia ligar de lá. Agora eu tenho de vír para marcar a consulta e ficar mais tempo em Campo Grande, ou pedir para alguém marcar para mim. Isso tem de ser melhorado. Muita burocracia”, diz. Simone diz ainda que faIta um espaço no hospital para interação entre os pacientes. “Não existe um local em que possamos nos reunir, passar orientações, trocar experiências. Isso é importante, dá qualidade de vida e auto-estima”, afirma. Sônia Sanches, 43, coordenadora das Cidadãs Posítivas, movimento que reúne mulheres vívendo com HIV, diz que para quem tem de fazer consultas constantemente, a mudança é um transtorno. “É muito ruim ter que se deslocar para marcar a consulta. Deveria voltar a agendar por telefone”, diz. Para essas pessoas, não é só essa mudança um transtorno. Sônia reclama também da demora para fazer os exames pedidos pelos médicos.São pelo menos 15 dias. Isso faz diferença para a gente que tem HIV”, considera. Para uma enfermeira portadora de Aids, e pediu para não ter o nome divulgado, o atendimento ficou limitado. “Moro na saida para São Paulo e demoro duas horas para chegar ao hospital. Isso é péssimo”, diz. A coordenadora do Programa DST/Aids defende que nenhum paciente será prejudicado. Os que moram no Interior, segundo ela, podem marcar a consulta com uma assistente social. “É inviável o agendamento por telefone, precisaria de uma pessoa só para fazer isso. Teríamos que fazer concurso para isso”, diz. O fim dos agendamentos por telefone já chega a dois meses. Gisela Freitas defende ainda que o cancelamento não deve representar dificuldades também para os pacientes que vivem na Capital. Ela sugere que a marcação de consultas seja feita na mesma data em que os pacientes forem buscar a medicação para controle viral, ou mesmo quando passarem por consultas com os médicos plantonistas. Até o mês de abril, técnicos de enfermagem se revezavam no agendamento das consultas por telefone. Segundo Gisele Maria Brandão de Freitas, o serviço foi suspenso por conta da legislação trabalhista, que não permite desvio de função e que determina que telefonistas trabalhem até 6 horas por dia, O Hospital Dia é municipal e existe desde 1991, possuindo convênio com o governo do Estado para atendimento de pessoas do Interior . Por mês, o Dia realiza 1650 consultas. (fonte: jornal O Estado de Mato Grosso do Sul – 25.06.2008)

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