Guilherme Soares Dias Perda da memória, do raciocínio e da habilidade de pensar, características da doença de Alzheimer, que atinge de 10 a 15% das pessoas com mais de 65 anos, são conseqüências de alteração degenerativa no sistema nervoso central, relacionadas ao envelhecimento. Nas pessoas com mais de 85 anos, este percentual sobe para 50%. O número de pacientes no Brasil é estimado em 1,2 milhão e de 18 milhões no mundo, segundo a Sociedade Brasileira de Alzheimer. Em função do envelhecimento mundial global, este número deve aumentar e, em 2025, serão 34 milhões de pessoas com a doença, sendo que 66% em países em desenvolvimento. A doença foi descrita pela primeira vez pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1909, que deu nome á doença. O cérebro de um paciente com a Alzheimer apresenta atrofia generalizada, com perda neuronal específica em certas áreas do cérebro. A doença é relacionada com o envelhecimento e também é chamada de demência senil, pois atinge pessoas a partir de 60 anos, apesar de existirem registros de casos em adultos com 40 anos.” Afeta a vida diária, a pessoa perde a memória, possui dificuldade de se expressar e na última fase perde a capacidade de comunicação, ficando recluso”, explica o neurologista César Nicolatti. O Alzheimer é identificado a partir da manifestação de problemas de memória. “O idoso não lembra de determinada coisa que fez, passa a ter dificuldade de fazer contas, não consegue guardar senha do banco e outras coisa semelhantes a estas”, relata. O tratamento é feito com drogas que bloqueiam as substâncias da doença que atingem os neurotransmissores, responsáveis pela cognição (memória, linguagem). O remédio mais utilizado para o tratamento é a rivastigmina, que é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O neurologista aponta a alimentação como forma de prevenir o aparecimento do Alzheimer. “Pessoas que tomam cafeína, que é estimulante, têm tendência menor de ter a doença. Os antioxidantes encontrados em vitaminas também ajudam na prevenção”, diz. As vitaminas que possuem antioxidante são a E, encontrada na gordura vegetal, a C, presente em frutas cítricas e a coenzíma Q10, encontrada em ovos e castanha. O médico também acrescenta que, como a população mundial está envelhecendo, a doença será cada vez mais comum nos próximos anos. “O impacto na saúde pública será grande, por isso temos de tentar prevenir para evitar o aparecimento da doença”, diz. A doença é clínica e para o diagnóstico deve-se procurar um neurologista. Em Campo Grande, há atendi mento gratuito desta especialidade no Centro de Especialidades Médicas (Cem) no ambulatório do Hospital Regional, e no Centro de Especialidades Médicas (Cemed) da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp). Pacientes A pensionista Sônia Fernandes, 55 anos, convive diariamente com um doente e testemunha os efeitos da enfermidade. A mãe dela, Bigair Fernandes, 85, tem Alzheimer há quatro anos. “Ela passou por uma cirurgia no fêmur que foi um trauma grande, isso desencadeou a doença, comecei a perceber que ela estava perdendo a memória”, diz. Ela diz que teve de abandonar as aulas de TaíChi-Chuan que ministrava para ficar 24 horas à disposição da mãe. “Ela ficou inválida. Tem memória ruim, é bastante exigente e requer presença constantemente”, diz, lembrando que não consegue domésticas que consigam lidar com Bigair. A dedicação ao cuidado da mãe é um “drama solitário”, segundo Sônia, uma vez que não conta com ajuda de outros familiares, a não ser do próprio filho. “A gente vai ficando doente, com depressão. Mesmo que tem amor muito grande, chega uma hora que cansa”, desabafa. Além do tratamento com remédio, a pensionista realiza trabalhos de terapia e energização com a mãe. “Tem dias que ela chora o dia todo, mas vamos tentando retardar ao máximo os efeitos da doença. Os médicos até se impressionam pelo fato de ela estar pouco comprometida em quatro anos de Alzheimer”, diz. Para atender famílias de pacientes de Alzheimer a Associação Brasileira de portadores da doença realiza mensalmente palestras para discutir os direitos, dar encaminhamentos médicos e garantir medicação gratuita. As palestras são realizadas às 16 horas, no 1° domingo de cada mês, no salão da Igreja Nossa Senhora de Fátima, na Rua Flávio de Matos, 537, Bairro Monte Líbano, em Campo Grande. SERVIÇO – O Centro de Especialidades Médicas (CEM) fica na Travessa Guia Lopes, 71, São Francisco. O telefone para contato é o (67) 3314-3100. No Cemed da Uniderp, as consultas podem ser feitas gratuitamente pelo SUS, com encaminhamento médico, ou ainda podem ser agendadas pelo telefone e com custo de R$ 29,40. O endereço é a Rua Nova Era, 480, Miguel Couto. O telefone para contato é o (67) 3348-8200. (fonte: jornal O Estado de Mato Grosso do Sul – 27.06.2008)

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