Dourados ganha a partir deste mês o Ambulatório de Micoses Sistêmicas que vai funcionar no Hospital Universitário (HU). O objetivo principal será pesquisar infecções fungicas na região da Grande Dourados através da equipe de médicos infectologistas Renata Maronna Praça, Mariana Garcia Croda e Julio Croda, este coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). A infectologia, juntamente com a hematologia, foi tema inclusive do Programa Científico Continuado 2009 promovido pela Associação Médica e parceiros, de 17 a 20 de junho, em Dourados. O evento foi voltado para profissionais da saúde e acadêmicos e dentro da programação foi debatida a Paracoccidioidomicose pelo médico Gil Bernard, do Laboratório de Dermatologia e Imunodeficiências da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). A doença será uma das estudadas pela equipe de infectologistas do Ambulatório do HU, já que a sua incidência é relativamente alta, por acometer trabalhadores rurais. Dr. Julio Croda conta que existem muitos casos de Paracoccidioidomicose em Dourados, com uma média de atendimento de 5 pacientes novos por mês. De nome estranho, a doença é causada por um fungo e começa com tosse, rouquidão, febre até a infecção do pulmão, dos gânglios, podendo comprometer o sistema renal e pulmonar deixando seqüelas, como a fibrose pulmonar, caso não seja tratada ou diagnosticada tardiamente. Mato Grosso do Sul é o estado com maior incidência da doença, o que faz sentido segundo o médico Gil Bernard, pois o fungo aparece nas novas fronteiras agrícolas do país, principalmente em solo virgem. Ele explica que ainda há uma imensa lacuna no conhecimento do fungo, mas que há variações na incidência de casos, como ocorrências no Piauí, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O período de incubação do Paracoccidioidomicose gira em torno de 8 meses e há vários pontos destacados sobre a doença, como sua variação climática, o aumento do fungo com o aumento do balanço hídrico no solo e aumento da umidade do ar no ano de infecção, com diferenciação ainda de espécies separadas por regiões geográficas. O Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria Estadual de Saúde e várias universidades, se interessaram em estudar a doença para que os acometidos tivessem garantia de medicação e tratamento, que geralmente é longo, de 2 anos, com recaídas já registradas. Para os outros estados, Dr. Gil destaca que o primeiro passo é a notificação da doença, como se faz hoje com a tuberculose e que na prática, com a Paracoccidioidomicose, ainda não acontece. “Na teoria, já temos uma manual e uma proposta de notificação, mas é necessário saber os casos novos, as drogas que estão sendo utilizadas, o tratamento”. Conforme o médico, a iniciativa da proposta de notificação será levada ao Ministério da Saúde pela Sociedade Brasileira de Doenças Tropicais e de Infectologia, com intuito de obrigar a notificação no Brasil inteiro. “Mas nada impede que haja ações locais, já que muitos pacientes começam com manifestação pulmonar e até vão aos serviços de pneumologia”. Gil destaca ainda que a Paracoccidioidomicose é uma doença de importância relativa, tem cura, mas tratamento prolongado. “Ela tem baixa mortalidade, mas tem muita morbidade, com tratamento prolongado que pode deixar seqüelas. Além disso, a doença altera a frequência e a capacidade do indivíduo, principalmente quando há demora no diagnóstico”. A infectologista Mariana Garcia Croda lembrou que há boas perspectivas para a implantação do Programa Estadual de Controle da Paracoccidioidomicose em Mato Grosso do Sul, com objetivo de organização da rede pública de saúde, incluindo capacitações e treinamentos com relação ao tratamento da doença, dispensação de medicamentos, realização dos exames e análise, como foco para a redução das seqüelas e do número de óbitos. “E dessa forma Dourados sai na frente com a implantação do Ambulatório de Micoses Sistêmicas”. O Programa Científico Continuado 2009 foi realizado pela Associação Médica, com apoio da Renassul, Liga Acadêmica de Medicina Intensiva – Ligami/UFGD, Liga de Emergência Médica e Trauma, Centro Acadêmico Camilo Ermelindo da Silva e UFGD. O evento teve foco básico e avançado de atualização, com palestrantes de Dourados, Campo Grande e São Paulo, com 20h de aprendizado. “O objetivo foi avançar no conhecimento médico local para atender com melhoria e qualidade a população, já que Dourados vem se transformando em centro de referência na área da saúde”, enfatizou o coordenador do evento, Dr. Antonio Pedro Bittencourt. Em três anos de Programa, cerca de 30 encontros foram realizados. Somente neste ano, foram abordadas a psiquiatria, a ventilação mecânica, a otorrinolaringologia e a oftalmologia. Em agosto, novos cursos serão ministrados na área da neurologia e trauma e, em setembro, em nefrologia, endocrinologia e reumatologia. O Programa teve patrocínio do Hospital Santa Rita, Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde de Dourados, Unimed, Unicred e Centro de Análises Clínicas Dr. JP. Mansor, com organização da DZM Comunicação e Eventos. (fonte: jornal online MS Notícias – 22.06.09)

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