O atendimento do Programa de Saúde da Família (PSF) teria sido prejudicado em Fortaleza após a Prefeitura ter estendido o horário de atendimentos nos postos até as 19 horas, desde o fim do ano passado. Médicos do programa informaram a O POVO que estão sendo deslocados do acolhimento às famílias para suprirem a demanda por atendimento imediato nos postos. Por isso, a população de algumas comunidades não está sendo devidamente assistida.

     “O objetivo do PSF era de prevenção, mas agora muita gente está chegando nos postos e não tem vaga para fazer o agendamento adequado”, afirma o médico Fernando Carvalho, que atende em posto do Conjunto Esperança. Segundo ele, a presença do programa foi reduzida em algumas comunidades, como Jardim Fluminense, Planalto Vitória, Presidente Vargas e Parque Santa Rosa, além do próprio Conjunto Esperança.

     O atendimento na atenção básica é dividido em dois tipos. O atendimento espontâneo é de natureza emergencial e compreende os casos em que pacientes buscam as unidades para acolhimento imediato, como dores variadas, febre e crises de hipertensão.

     Já o atendimento programado está ligado ao planejamento e se destina à educação em saúde e prevenção de doenças. É essa atuação mais planejada que teria sido afetada em detrimento das demandas mais urgentes. “Não temos nada contra o fato de atender até 19 horas, mas se criou serviço novo e não foram colocados novos profissionais”, argumenta Carvalho, que integra a diretoria do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec) e diz que o problema ocorre em “100%” das unidades que passaram a funcionar de 7 horas às 19 horas.

     Cinquenta e dois dos 92 postos de saúde municipais já funcionam até as 19 horas, quantidade que deverá ser ampliada com a entrega de dezenas de unidades que atualmente passam por reforma.

     Médica de um posto no Tancredo Neves, Aline Miranda explica que, desde janeiro, cada médico do PSF é deslocado ao menos dois dias na semana para atendimento espontâneo. Isso, segundo ela, implica na redução do acompanhamento de crianças, hipertensos e grávidas, por exemplo, que é feito nas visitas às comunidades. “Se o prefeito quer ter médico plantonista nos postos, por que não coloca mais médico pra fazer isso?”, questiona. A população do Tancredo, do Jardim das Oliveiras e do Conjunto Tasso Jereissati, segundo ela, tem reclamado da redução.

     Uma médica que atua no bairro Padre Andrade e preferiu não se identificar também relatou o problema e disse que vários bairros da Regional III estão sendo afetados. “Quase não está mais havendo nenhum programa de prevenção”, afirma a profissional. “A população vai achar bom que tenha atendimento até mais tarde, mas para o longo prazo isso não vai ser bom”, complementa.

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