«O nosso compromisso é de harmonizar a objetividade científica de curar com a subjetividade afetiva também envolvida nesse ato», afirmou o secretário-geral do CFM, Henrique Batista, em sua palestra sobre «A história de medicina e as humanidades médicas», nesta sexta-feira (11), em Brasília (DF).
A declaração ocorreu durante o VI Congresso Brasileiro de Humanidades, quando Batista ressaltou a importância da história como ciência e de seu valor para compreender a evolução da medicina. Citando Carlos Drummond e o poema «Qualquer Tempo» – ressaltando o trecho «nenhum tempo é tempo bastante para a ciência de ver, rever» -, afirmou que «estamos consagrados ao estudo da história, à paciente construção de discursos sobre discursos e à tarefa de ouvir o que jpa foi dito».
Em sua apresentação, o secretário-geral, que também coordena os trabalhos da Comissão de Humanidades Médicas do CFM, recorreu à mitologia, a figuras históricas como Hipócrates, a personalidades caritativas como Cosme e Damião, médicos como Philippe Pinel e Anne Hudson Jones, autores como Machado de Assis e Molière, e uma série de artistas e obras para refletir sobre o papel do adoecimento, «uma condição sui generis que provoca alteração no mundo de valores do paciente, o deixando em posição de fragilidade e transformação», e o papel dos médicos ante a este ser humano. «As artes ajudam o médico a desenvolver e consolidar hábitos essenciais para o cuidado. Com elas, desenvolve-se a observação, análise, empatia e auto-reflexão», explica.
Batista criticou a política de saúde e educação no país e ressaltou que os erros cometidos nessas áreas interferem no ensino das humanidades médicas. «A abertura desenfreada de escolas médicas e o consequente descumprimento das diretrizes curriculares dos cursos de medicina comprometem, cada vez mais, a formação de médicos cientificamente e humanitariamente adequados», concluiu o conselheiro federal.
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