Numa noite de emoção, foram entregue as Comendas CFM 2013 a cinco médicos que se destacaram em suas trajetórias por ações nas áreas de Responsabilidade Social, Humanidades, Saúde Pública, Artes e Literatura e Ensino, sempre relacionadas com o exercício da Medicina. A solenidade aconteceu no fim do segundo do dia de atividades do III Congresso Brasileiro de Humanidades em Medicina, realizado em Salvador (BA).

    A cerimônia marcou a entrega pela primeira vez das comendas Fernando Figueira, de Medicina e Ensino Médico, e Mário Rigatto, de Medicina e Humanidades. Essas duas honrarias foram criadas pelo plenário do CFM por meio da Resolução 2022, aprovada este ano pelo plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM). Elas se juntam às comendas Zilda Arns Neumann, de Medicina e Responsabilidade Social; Sérgio Arouca, de Medicina e Saúde Pública; e Moacyr Scliar, de Medicina, Artes e Literatura, todas criadas pela Resolução 1972/2011.

    Este ano, os homenageados foram o professor Nelson Grisard, que recebeu a comenda Medicina e Ensino Médico; Wilson Oliveira Júnior, agraciado com a comenda Medicina e Humanidades; João Manoel Cardoso Martins, reconhecido em Medicina, Literatura e Artes; José Osmar Medina de Abreu Pestana, reconhecimento com a honraria de Medicina e Responsabilidade Social; e Ruy Laurenti, pela atuação no campo da Medicina e Saúde Pública.

    As homenagens ressaltam o desempenho ético, a competência técnica e o compromisso desses médicos com a sociedade e com a medicina. De acordo com o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, as comendas celebram trajetórias que dão o exemplo para as futuras gerações de médicos que enxergam no exercício ético da medicina um objetivo diário. Conheça a abaixo uma síntese da trajetória dos homenageados de 2013:

João Manoel Cardoso Martins – Comenda Moacyr Scliar (Medicina, Literatura e Artes): Nasceu em Portugal, em junho de 1947. Os pais, José e Maria do Carmo Martins vieram para o Brasil no início da década de 50, radicando-se na região de Londrina, no Norte paranaense. Contudo, para família, os primeiros anos seguiram com muito trabalho e poucos recursos financeiros. A vida humilde não foi suficiente para conter o sonho do então jovem seguir a carreira médica. A graduação veio em 1971. Disposto a interagir mais com os médicos, sobretudo os mais jovens, o já professor João Manuel passou a produzir, em 2002, uma coluna no Jornal do CRM-PR. Ganhou o sugestivo nome de “Iátrico”. Mais que incursões na cultura, nas artes e na profissão, o espaço pretendia estimular o médico e o estudante de Medicina a ler, a exercer seu senso crítico, a formular ideias, a pensar num futuro, o seu, o de seus pacientes, o da atividade médica. A coluna ganhou corpo, virou encarte e repercutiu tanto, positivamente, que foi transformada em revista, que chega em 2013 com 33 edições nos meios físico, eletrônico e científico, ao longo de uma trajetória de 11 anos.

Ruy Laurenti – Comenda Sérgio Arouca (Medicina e Saúde Pública): Natural de Rio Claro (SP), onde fez o curso primário e ginásio. Na adolescência, mudou-se para São Paulo, ingressando, posteriormente, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), curso o qual concluiu em 1957. Em sua trajetória, passou a se interessar por epidemiologia, informação em saúde/estatísticas de saúde, sendo que, em 1971, transferiu-se para o Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) e nesta completou sua carreira acadêmica universitária: Livre-Docente em 1973; Professor-Adjunto em 1976 e Professor Titular em 1979. Na carreira acadêmica universitária na USP chegou a ser vice-reitor. Tendo em vista sua atuação juntamente com outros docentes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu-os como “Grupo de Referência Para Classificação de Doenças e Estatísticas de Saúde” e criou o “Centro Colaborador da OMS Para a Classificação de Doenças em Língua Portuguesa” passando a atuar juntamente com cinco outros Centros Colaboradores: Londres, Paris, Moscou, Washington e Caracas. Ruy Laurenti foi indicado como Diretor deste Centro. Participa de vários Comitês Municipais, Estaduais e Federais sobre Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação de nascidos vivos (SINASC e Comitês de Prevenção de Mortes Maternas). Teve várias pesquisas sobre análises de mortalidade financiadas pela FAPESP, CNPq e Opas e publicou cerca de 150 artigos completos em periódicos nacionais e internacionais. Além disso, é responsável por 10 livros, 27 capítulos de livros, 69 trabalhos (completos) em anais de eventos e 30 resumos em anais de eventos.  

José Osmar Medina de Abreu Pestana – Comenda Zilda Arns Neumann (Medicina e Responsabilidade Social): Completou sua graduação na Escola Paulista de Medicina, ligada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 1979. O título chegou depois anos trabalhando como torneiro mecânico e técnico de laboratório durante todo o curso de graduação, recompensando um esforço pessoal e familiar para atingir esse objetivo. Concluiu a Residência Médica em Nefrologia no Hospital São Paulo, em 1983, permanecendo ligado à instituição como chefe de plantão do Pronto Socorro e na liderança do grupo de transplante renal. Após a obtenção do titulo de doutor em medicina em 1986, concluiu dois cursos de pós-doutorado, um na área clínica de transplante renal na Cleveland Clinic, Estados Unidos, (entre 1987 e 1988), e outro em transplante experimental na Universidade de Oxford, Inglaterra (em 1989).  Presidiu por duas vezes a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e a Sociedade Latino Americana de Transplantes. Desde 1996, preside o Comitê de Ética em Pesquisa da Unifesp, sendo membro da Comissão de Ética da Sociedade Internacional de Transplantes. Sua liderança de duas décadas na Associação Brasileira de Transplantes contribuiu para o estabelecimento da importância de ações nesta área na administração publica de saúde. Conseguiu alinhar uma atividade técnica de alta complexidade, como o transplante, com conceitos humanísticos e solidários aplicados tanto no cotidiano de sua atividade como nas atividades voluntarias comunitárias e com alunos universitários. Não deixa de insistir e pregar o desassossego entre os alunos, para que busquem fazer uma historia fora da classe de aula, para obter conhecimento multicultural e aplicar em trabalhos comunitários.    

Nelson Grisard – Comenda Fernando Figueira (Medicina e Ensino Médico): Nascido em Florianópolis (SC), em dezembro de 1936, graduou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná, em 1961. Filho de jornalista e professora; neto e sobrinho (pelos dois lados) de professores normalistas de grupo escolar é fácil entender sua tendência para o ensino. Entre 1956 e 1961 estudou medicina na UFPR, já que na época na havia escola do tipo em Santa Catarina. Em 1975, obteve o titulo de Livre-Docente e Doutor em Ciências pela UFSC. Em 1977, foi aprovado no concurso para professor adjunto de pediatria, tornando-se titular dois anos depois. Nesta Universidade chefiou os Departamentos de Pediatria, Nutrição e Materno-Infantil. Nos últimos 15 anos, tem se dedicado e acompanhado os congressos e jornadas, nacionais e internacionais de ética médica e bioética, participando como palestrante e expositor em mesas-redondas, na busca de aprendizado para transmitir a melhor informação aos alunos de graduação em medicina tanto da Univali quanto da Unisul. Foi introdutor do julgamento simulado como técnica didática para o ensino da ética médica.    

Wilson Oliveira Júnior – Comenda Mário Rigatto (Medicina e Humanidades): É formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), em 1973. Cursou Residência Médica no Hospital das Clínicas de São Paulo (USP),  no período de 1974 a 1976, e Especialização em Cardiologia Décourt, na mesma escola. Além desses títulos é especialista em Cardiologia pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Idealizador e Coordenador do Ambulatório de Doença de Chagas e Insuficiência Cardíaca, instalado inicialmente no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) e a partir de 2006 no Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape), ambos da UPE.  Sempre engajado com a excelência do ensino médico e com a boa formação dos futuros  profissionais, ele implantou e coordenou a Unidade de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão do PROCAPE, no período de 2006-2011. Também teve atuação decisiva na criação da Comissão de Humanização do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC-UPE), entre 2004-2006; do Comitê de Ética em Pesquisa no HUOC, no período de 1997-2007, e da Associação dos Portadores de Síndrome do Pânico/AMPARE em 2003 e atualmente é o seu Presidente de Honra. Presença constante em diferentes Congressos, Seminários, Encontros Técnico Científicos, no Brasil e exterior, nas áreas da Cardiologia, Medicina Tropical, Psicossomática, Sexualidade, Tabagismo, Humanização da Saúde, ano passado, se destacou na EXPOEPI-2012, como um dos responsáveis por uma experiência exitosa na saúde pública com a apresentação do Ambulatório de Doença de Chagas e Insuficiência Cardíaca-PROCAPE/UPE.

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