Estudos demonstram ineficácia do hormônio da gravidez nos tratamentos para emagrecer

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) emitiu, no dia 22 de fevereiro, parecer contrário ao uso de Gonadotrofina Coriônica (HCG) – o hormônio da gravidez – em tratamentos para emagrecer. De acordo com a ementa do parecer, “O uso de HCG no tratamento de obesidade não é recomendado por não apresentar evidências científicas que corroborem a sua eficácia, bem como, trata-se de terapêutica com malefícios.”

O parecer foi elaborado em resposta a consulta de uma paciente, que argumenta ter recebido, em consulta com um médico dermatologista, indicação de tratamento para emagrecer com injeções de HCG. A paciente alega que, depois de realizar pesquisas na internet acerca do assunto, ficou em dúvida sobre a terapêutica indicada.

O uso do hormônio em tratamentos para emagrecer data da década de 1950, no entanto, estudos mais recentes não comprovam sua eficácia. No embasamento do parecer consta ainda que não há provas de que o HCG aja sobre o metabolismo dos lipídios ou sobre a distribuição dos tecidos adiposos ou ainda, que influencie o apetite. “Consequentemente, a Gonadotrofina Coriônica (HCG) não possui indicações relativas ao controle de peso”, conforme indicado na bula do medicamento.

O hormônio – O HCG é o único hormônio exclusivo da gravidez. Possui a função de manter o corpo lúteo no ovário durante o primeiro trimestre de gestação, estrutura essencial à manutenção da gravidez. No homem, o HCG atua estimulando as células intersticiais de Leydig e, consequentemente, a secreção de androgênios. Em crianças com criptorquidismo, atua induzindo a maturação do testículo subdesenvolvido, o crescimento dos cordões espermáticos extremamente curtos e a descida do testículo.

A forma injetável de HCG, vendida com receita médica, é aprovada, como tratamento da infertilidade na mulher, criptorquidismo, hipogonadismo hipogonadotrófico e puberdade tardia (no homem e crianças).

Efeitos – O HCG é classificado como “categoria X” pela Food and Drug Administration  (FDA, agência norte-americana de controle de drogas e alimentos), significando que ele pode causar malformações fetais. Também constam nas orientações desta categorização que o seu uso não deve ser aplicado a pacientes com câncer hormônio-relacionados, tais como o câncer de próstata, endométrio, mama, ovário; bem como outras patologias hormônio-relacionadas.

Observa-se ainda que testes adicionais podem ser necessários para estabelecer a segurança do HCG para indivíduos com distúrbios da tireóide ou glândula adrenal, cistos ovarianos, hemorragia uterina, doença cardíaca, epilepsia, enxaqueca ou asma.

Como efeitos adversos, ou colaterais, do seu uso, estão descritos na literatura: cefaleia, irritabilidade, depressão, tromboembolismos arteriais ou venosos e hiper-estimulação ovariana.

Consulta – Na consulta ao CRM-MS os questionamentos da paciente obtiveram as seguintes respostas:

1 –  Se realmente emagrece?

– Não.

2 –  Causa embolia?

– A embolia pulmonar encontra-se descrita na literatura como efeito adverso que possa ocorrer.

3-  É indicado?

– Não é indicado para tratamento de obesidade.

4- Existem alguns estudos?

– Sim. Estudos publicados em revistas indexadas como expostos no parecer.

5- Causa algum prejuízo futuro à saúde?

– Sim, se utilizado sem critérios e sem um correto acompanhamento do médico assistente.

O  Parecer N° 04/2013, referente a consulta sobre uso do HCG e obesidade, está disponível para consulta no site do CRM-MS: http://www.crmms.org.br/

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