Milena Crestani A demora no diagnóstico de pacientes com meningite prejudica o tratamento e agrava o estado de saúde dos enfermos. Nesta época do ano – com o tempo seco – o número de casos da doença tende a aumentar, mas nem sempre os exames para confirmar a meningite são solicitados pelos médicos nos postos de saúde. Foi o que ocorreu com o menino Luiz Gustavo Miranda de Souza, 5 anos, que morreu segunda-feira (14), na Santa Casa de Campo Grande. Luiz Gustavo passou por dois postos de saúde antes de chegar ao hospital, mas nenhum dos médicos pediu o exame. O menino estava com uma otite (infecção no ouvido) que acabou evoluindo para uma meningite. A mãe da criança, Marcela Domingues Miranda de Souza, 29 anos, afirmou que no primeiro posto foi receitado pelo médico apenas Dipirona (analgésico) e um remédio para a infecção. “Eles nem cogitaram em realizar um exame. Expliquei que não era comum ele sentir dor de cabeça, mas o médico disse que ele poderia’ retornar para casa”, afirma Marcela. A primeira procura foi no Posto de Saúde do Bairro Moreninhas 2, região sul da Capital, na quarta-feira (9). A mãe conta que logo que o filho começou a sentir os sintomas procurou a unidade de saúde. No dia seguinte, a criança voltou a passar mal. “Ele estava, em situação ainda mais grave, vomitando muito e continuava com dores”, relata. A família procurou novamente o posto de saúde do bairro Moreninhas, mas o local estava sem pediatra na quinta-feira (11). Eles recorreram então à unidade do Bairro Tiradentes, na região leste da cidade, onde o exame também não foi solicitado. O menino começou a tomar soro e novamente lhe deram apenas analgésicos. Por volta das 18 horas, a criança já estava em coma e foi levada à Santa Casa da Capital. Somente no hospital o exame foi realizado e o diagnóstico: meningite bacteriana. “Só no hospital que fomos saber que o caso era de tamanha gravidade. Queremos que sirva como alerta para que as outras famílias peçam exames quando os sintomas forem semelhantes”, afirma o pai do menino” Fábio Aparecido Moreli de Souza, 30. ‘ Especialistas O coordenador de Vigilância em Saúde, Eugênio de Barros, afirma que a demora em diagnosticar a doença é uma das maiores preocupações. “O diagnóstico é fundamental, pois existem dezenas de tipos de meningites e é necessário identificar para fazer o tratamento”, afirma. O exame para identificar se a pessoa está com meningite, chamado de quimiocitológico, é feito por meio da retirada de líquido da espinha. No caso dos postos de saúde, os médicos devem encaminhar os pacientes para fazerem o exame nos hospitais. Barros falou que é comum o número de casos de alguns tipos de meningite aumentar nesta época do ano. A transmissão pode ser por meio de secreção respiratória. “No inverno as pessoas ficam mais em ambientes fechados e aumenta o risco da transmissão”, diz. O médico José Ivan Aguiar, presidente da Sociedade de Infectologia de Mato . Grosso do Sul, diz que a meningite apresenta sintomas, principalmente nas crianças, comuns com os de outras doenças. “Por isso há dificuldade em diagnosticar certos casos”, afirma. Dentre os sintomas da meningite estão: dor de cabeça, febre, vômitos em jato, rigidez na nuca e, no caso de bebês, mudanças na fontanela (moleira). A recomendação dos médicos é procurar atendimento logo após o aparecimento dos sintomas. Neste ano, já foram registrados pelo menos 14 casos da doença na Capital e três mortes. A reportagem tentou entrar em contato com o secretário municipal de Saúde Pública, Luiz Henrique Mandetta, mas ele não atendeu aos telefonemas. (fonte: jornal O Estado de Mato Grosso do Sul – 19.07.2008)

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