João Prestes, com Dourados Agora O Sindmed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) quer que seja aberta sindicância para apurar a conduta dos dois médicos envolvidos em um suposto caso de omissão de socorro, em Dourados, que resultou na prisão do plantonista João Pedro de Souza Schwas, do Hospital de Urgência e Traumatologia, na noite do domingo. O sindicato pede, ainda, que seja instaurado inquérito policial para averiguar se houve abuso de poder por parte dos policiais militares que efetuaram a prisão. A Assessoria Jurídica do SinMed/MS foi convocada para analisar a situação e propor as medidas adequadas. Antes de qualquer apuração, entretanto, o sindicato adianta defesa ao médico José Pedro Schwas, afirmando em nota distribuída à imprensa que ele foi “vítima de arbitrariedade”. Em Dourados, o secretário de Saúde, João Paulo Esteves, anunciou que vai entrar com recursos para processar a conduta profissional do médico Wesley Giovani Stantowtz, de Tacuru. Foi ele que denunciou José Pedro por omissão de socorro, após o plantonista ter recusado um paciente de 73 anos com diagnóstico de acidente vascular cerebral. José Pedro analisou o paciente e concluiu que não se tratava de AVC, e informou que não faria a internação. Wesley Giovani Stantowtz, então, ligou para a Polícia Militar, alegando omissão de socorro. Os policiais estiveram no hospital e levaram o plantonista algemado para a delegacia. João Paulo Esteves acredita que o caso vá parar na Justiça porque o médico de Tacuru chegou a Dourados com um documento expedido pela Secretaria de Saúde do Estado, justificando que o caso do paciente era gravíssimo. O documento foi preenchido pelo próprio médico do paciente, com informações passadas à Secretaria, dizendo que o caso era de urgência. Com o documento em mãos, um fax, médico e paciente vieram para Dourados em busca de atendimento. Chegando ao hospital, o plantonista diagnosticou outro caso clínico, totalmente diferente do que o médico de Tacuru havia preenchido em seu relatório. A ação da PM no hospital foi o que mais chamou a atenção na história. Os policiais chegaram no local com o objetivo de falar com o plantonista, que no momento atendia outros pacientes. Irritados, os policiais foram até ele cobrar explicações. A conversa entre ambas as partes acabou em discussões e agressões físicas. Em depoimento na delegacia, o médico relatou que foi imobilizado e levou tapas e chutes nas partes baixas. Os policiais disseram que foram desacatados e agredidos. Nessa história, o secretario de Saúde questiona a ação dos militares desencadeada dentro do hospital. “Nenhum policial tem o direito de cobrar explicação de um médico, tampouco invadir o ambiente de trabalho”, dispara o secretário, em repúdio à ação dos militares. O secretario disse, ainda, que o médico de Tacuru, Wesley Giovani, terá que responder no Conselho de Medicina o porquê de ter colocado no prontuário do paciente tamanha gravidade, sendo que o mesmo não apresentava as devidas suspeitas de AVC. João Paulo reitera que o procedimento adotado pelo médico de Tacuru, ao qual solicitou “vaga zero”, que no procedimento do SUS corresponde risco de morte, podendo o paciente se deslocar a outro município em busca de atendimento, foi “inadequado”, pois não se tratava de um caso de extrema urgência. “Ele vai ter que responder ao Conselho de ética essa conduta. Se todos os médicos da região fizerem isso, a Saúde de Dourados irá sufocar ainda mais”, frisa João Paulo Esteves. O médico Wesley Giovani Stantowtz questiona todas as alegações contra o seu procedimento. Segundo ele, o paciente, apresentando crise de hipertensão, sofreu convulsão, estava inconsciente, os membros (braço e perna) esquerdos paralisados e tinha dificuldades para falar. “Todos esses sintomas podem indicar um AVC. Eu não tinha equipamentos como tomografia para melhor avaliá-lo. Queria apenas garantir a vida do paciente”, disse. Ele relata que no percurso até Dourados, o paciente começou a apresentar melhora clínica, fato que o plantonista do HUT constatou e quis liberá-lo depois de atender. “Eu apenas pedi ao plantonista que preenchesse um documento atestando a perfeita saúde. Ele se recusou, me insultou dizendo que sou moleque”, comentou, alegando ainda que tentou remover o paciente do hospital, mas os médicos não deixaram. Passado o incidente onde todos os envolvidos no caso foram parar na delegacia para prestar queixa, o paciente, Espiridião Ovando, de 73 anos, se encontra em observação no hospital. Segundo o diretor Arnaldo Oliveira, no momento em que Esperidião chegou hospital, foi atendido na sala de estabilização pelo plantonista, que diagnosticou que não havia gravidade. “O paciente passa bem e só não foi liberado porque aconteceu todo esse tumulto”, disse Oliveira, reiterando que o mesmo nem precisou permanecer na estabilização. SAÚDE – A Saúde de Dourados vem recebendo severas críticas da população, tanto da cidade como dos 35 municípios que ‘deságuam’ em Dourados, em busca de atendimento especializado. O Hospital de Trauma já foi alvo de várias queixas de omissão de socorro. Com uma população de aproximadamente 800 mil habitantes para atender, o SUS do município carece de equipamentos de UTI e de médico neurocirurgião, entre outras especialidades, para atender a demanda da região. O Hospital do Trauma, por exemplo, possui apenas salas de estabilização, sendo que é o responsável para atender as emergências. (fonte: jornal online Midiamax News – 11.11.08)

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