Contornar a falta medicação, de vagas hospitalares, de instalações adequadas, de agilidade nos exames simples disponibilizados, e de exames para atender os casos complexos em centros de saúde 24 horas que deveriam estar em hospital terciário. Esta é a rotina da geriatra Marta Driemeier, que vem constantemente lutando para oferecer um atendimento de qualidade para seus pacientes.
 
 
Ela enumera diversas outras deficiências que afetam o seu trabalho: “Faltam profissionais em número suficiente, falta medicina preventiva para um envelhecimento com menos dependência funcional e consequentemente mais autonomia, faltam materiais como agulhas de biopsia, luvas e até álcool em gel. Enfim, falta muita coisa e sobra frustração”, desabafa.
 
Mas ela é uma daquelas que abraçam uma profissão que exige garra, dedicação, amor pelo trabalho e pelo próximo. A medicina muitas vezes é um sacerdócio que exige constante atualização, uma real entrega de quem a exerce. Marta concluiu sua residência em clínica Médica pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), fez especialização em Geriatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFMS. Também é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Saúde e Desenvolvimento da Região Centro-Oeste e atende no Centro de Saúde Chopavilla II – um plantão semanal de 12 horas no atendimento de urgência. Mas ser médico no Sistema Único de Saúde (SUS) muitas vezes vai além das exigências profissionais.
 
A geriatra revela que já precisou improvisar, correr atrás, suplicar por ajuda de outras entidades para garantir o bem estar de cada um que fosse atendido por ela: “Já comprei material para o hospital com recurso próprio, inúmeras vezes; corro atrás de amostras grátis de medicamentos para melhorar o tratamento dos doentes; já usei máscaras comuns sobre máscaras N 95 para segurá-las pois estavam com elástico estragado; já liguei para outros hospitais suplicando material emprestado para paciente (exemplo: filtro de veia cava)”.
 
Driemeier ressalta, ainda, que também já precisou que tomar atitudes drásticas como fechar salas de observação inteiras para isolar pacientes que não tinham vaga de isolamento nos hospitais de referência e além disso revela que inúmeras vezes já precisou remarcar procedimentos por não ter a estrutura adequada.
 
“A saúde é uma cadeia de eventos interligados. O paciente pode ter um bom diagnóstico, um bom atendimento, mas se ele não tiver como adquirir o medicamento, voltamos para o resultado zero. Ele pode ter um bom acompanhamento para sua doença crônica, acesso aos medicamentos, mas se porventura tiver um evento agudo e não conseguir realizar o exame ou o procedimento que precisa por falta de leito hospitalar, teremos resultado zero. Temos que pensar em eficiência do início ao fim. Vejo que encontra-se fragmentado o atendimento, com falhas em inúmeras etapas de atendimento”, afirma.
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