As dificuldades na formação e no trabalho em Medicina de Família e Comunidade estiveram em debate no Conselho Federal de Medicina (CFM). Durante o VI Fórum de Medicina de Família e Comunidade, no dia 12 de maio, em Brasília, especialistas de todas as regiões do país trataram sobre os principais desafios da área com discussões sobre o mercado de trabalho nos setores públicos e privados.

A formação e titulação como estratégia da Medicina de Família foi apontada como fundamental pelos palestrantes. A especialidade representa cerca de 13% do total de vagas de residência médica no País. Quase 73% destas não têm sido ocupadas (R1 a R6), o que foi considerado como preocupante pela secretária executiva da Comissão Nacional de Residência Médica, Rosana Leite de Melo. “Apesar dos esforços dos Ministérios da Saúde e Educação em ampliar e otimizar essas vagas começamos a questionar a real qualidade desses serviços, além se há uma necessidade de criar fatores indutores para aumentar o interesse dos alunos”, disse.

O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Thiago Trindade, analisou os aspectos da Lei do Programa Mais Médicos (12.871/13) e apontou necessidades de avanços. Para ele, o Sistema Único de Saúde (SUS) é baseado no médico de família e a falta de profissionais especializados na área está ligada à falta de estrutura e incentivos. “Há uma necessidade de ajustes na forma da política de fixação do profissional. É preciso um salário adequado, política estruturante e uma carreira de Estado que estimule o médico a trabalhar em todas as áreas rurais e remotas do Brasil”.

Já o 1º vice-presidente do CFM, Mauro Luiz Britto, defendeu o exame Revalida por considerar que a avaliação minimamente necessária para averiguar a condição do exercício da medicina. “Médico estrangeiro não é política de fixação. Esses sete bilhões que já foram investidos no Programa Mais Médicos teriam feito a diferença em uma política estruturante para interiorizar o brasileiro”.

Mercado – Durante o período da tarde, a programação do evento foi reservada para debates sobre o mercado de trabalho. Em sua palestra, o coordenador Geral do Movimento Waynakay Brasil, Carlos Henrique Peloso Silva Júnior, suscitou uma reflexão sobre as possibilidades no campo da Medicina de Família e Comunidade e levantou a discussão sobre as nuances e experiência pessoal sobretudo no campo do serviço público. “As opções que as pessoas fazem é um reflexo social. São valores pessoais que definem a decisão por uma especialidade”.

A coordenadora do Programa de Residência Médica da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, Samantha Pereira França, ressaltou o equívoco de que a especialidade estaria ligada unicamente ao serviço público. “Somos médicos especialistas com um campo de conhecimento definido específico. A especialidade não se define e não depende de uma estratégia de Governo”, disse.

Ela destacou as principais características da especialidade: “prover cuidado consistente desde o primeiro contato, da maioria dos problemas de saúde da população, em todas as suas dimensões – prevenção, tratamento e reabilitação, ao longo de um período contínuo de tempo, em ambientes diversos. O médico precisa ter a capacidade para lidar com ambiguidade e incertezas, além de ter uma compreensão e apreciação da condição humana, especialmente a natureza do sofrimento e a resposta dos pacientes à doença”.

Segundo o coordenador da Câmara Técnica do CFM, Leonardo Sérvio Luz, a autarquia avalia de forma positiva a estratégia da atenção à saúde nas comunidades para a qualidade da assistência. O conselheiro apontou os benefícios para os setores de maior complexidade: “a especialidade tem se firmado, acreditamos que com uma atenção básica prestada com qualidade, diminui-se a demanda por leitos hospitalares. É a forma mais barata, mais simples e mais eficiente de se diminuir a demanda na atenção terciária ou quaternária, de hospital e hospital especializado”, concluiu.

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