Empresa especializada recebe centenas de radiografias velhas de hospitais e laboratórios e encaminha para reciclagem

Hospitais e laboratórios começam a instalar postos de recebimento de radiografias de pacientes e profissionais e encaminham para empresas que aproveitam a matéria-prima

Há tempos que a disposição dos efluentes químicos e das radiografias são objeto de legislação tanto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Mas a falta de conhecimento e de conscientização sobre o tema levam clínicas e hospitais a descartar esse material no lixo comum. Entre os pacientes, o hábito ainda é armazenar os exames em casa ou jogar fora como resíduo. Só agora, com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, multiplicam-se iniciativas de reaproveitamento do material para reciclagem.

Postos de coleta de exames de imagem arrecadam esse material em hospitais e laboratórios de análises clínicas. No fim do ano passado, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, um dos maiores da América Latina, instalou um posto de coleta de pacientes e profissionais.

Como o HC, uma dezena de outros hospitais seguiram essa iniciativa. As unidades do Grupo Fleury também recebem os filmes para destinação adequada.

“Normalmente, os laboratórios de médio e grande porte terceirizam esse trabalho”, afirma a médica radiologista Fernanda Campana, consultora de diagnóstico por imagem da Formato Clínica, empresa que gerencia projetos em medicina diagnóstica para o mercado de saúde.

Raios X, mamografias, tomografias e outros exames que utilizam filmes para revelação são encaminhados a empresas especializadas que separam a película plástica da camada de metais que produzem as imagens.

Descontaminação As chapas são transformadas em folhas de acetato de poliéster (PVC), podendo ser utilizadas na fabricação de embalagens e capas de cadernos.

Mas, antes disso, elas precisam ser descontaminadas. Na DPC Brasil, uma das maiores empresas especializadas na reciclagem de filmes, na Grande São Paulo, elas recebem um banho de solução de água com soda cáustica para a retirada dos componentes químicos e da prata, responsáveis pela fixação das imagens.

“Recebemos cerca de 20 toneladas de material por mês de representantes em vários pontos do país e arrecadamos o material que hospitais enviam para o Fundo de Solidariedade de São Paulo”, diz Márcio Santana, gerente da DPC. Depois de banhados, o plástico passa por estufa, é cortado e transformado em caixinhas revendidas em lojas.

A extração da prata é um processo mais complexo e demorado.

O material, depois de separado, tem de ser aquecido para ganhar forma sólida, sendo então vendido para joalherias. “Já temos clientes que utilizam esse material também como matéria prima para circuitos impressos”, acrescenta Santana.

Laboratórios como o Fleury ainda implementaram um sistema de tratamento dos produtos químicos, usados no processo de revelação.” O fixador é encaminhado para um filtro que retém a prata”, afirma Daniel Périgo, gerente de sustentabilidade do Fleury.

“Assim ela é retirada antes de cair no esgoto.” As processadoras estão sendo substituídas por máquinas que fazem o serviço a seco e dispensam o uso desses químicos.

Para Fernanda Campana, a tecnologia vai eliminar a necessidade de reciclagem das radiografias.

“Com a ampliação dos serviços digitalizados, será menor a necessidade de imprimir os exames”, afirma. Os entraves ainda são culturais-muitas vezes médicos e pacientes querem ter as imagens na mão.

Fonte: Martha San Juan França – Brasil Econômico

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