Pré-atendimento feito por enfermeiros pode colocar saúde em risco, diz CRM.
Medida foi adotada para diminuir tempo de espera na fila, diz Sesau.

A determinação que amplia as funções dos enfermeiros no pré-atendimento das unidades de saúde de Campo Grande ainda não foi normatizada e está sendo discutida pelas autoridades. Representantes da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), dos Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren) e Medicina (CRM) e o Ministério Público Estadual (MPE) se reuniram na tarde de segunda-feira (8) para debater o assunto.

Em alguns postos de saúde da capital, a medida já foi adotada e os profissionais já fazem o pré-atendimento. A ampliação das funções prevê que os enfermeiros podem fazer diagnóstico de enfermagem do quadro clínico do paciente, pedindo exames e fazendo encaminhamento para o médico especialista, por exemplo.

A normatização vem sendo discutida há quase dois meses na capital sul-mato-grossense. Segundo o secretário municipal de saúde, Leandro Mazina Martins, para diminuir o tempo de espera por atendimento médico, a sugestão é que os enfermeiros façam a triagem do paciente, podendo até pedir exames e indicar medicamentos.

“A gente pretende aprimorar as atribuições da enfermagem, mas desde que não entre em conflito com os atos médicos. É nesse sentido que a gente quer dinamizar o atendimento nas unidades de saúde.”

O vice-presidente do CRM em Mato Grosso do Sul, Luiz Henrique Mascarenhas, disse que a entidade não aprova a normatização e informou ainda que o CRM não foi procurado pela Sesau para ajudar a elaborar o documento.

“Eu acredito em um trabalho sistematizado com a equipe multiprofissional, isto está muito bem embasado. Agora não é dando mais poderes ou ampliando esses poderes para determinado grupo profissional que você vai resolver o problema da saúde em Campo Grande.”

Ainda de acordo com Mascarenhas, esse pré-atendimento realizado por enfermeiros pode colocar em risco a saúde do paciente. “Uma criança que chega com febre é um sintoma que pode significar muitas doenças associadas. Quem tem capacidade para fazer o diagnóstico e executar o tratamento adequado é o profissional médico. A febre por si só não representa um diagnóstico. Seguindo o protocolo, somente o que está escrito, você pode incidir em erro. Essa criança pode até ter uma febre simples, febre de um estado gripal que vai se resolver em dois ou três dias, mas pode ser o início de um processo infeccioso grave, uma meningite, uma pneumonia.”

Já o Coren afirma que os profissionais são capacitados para fazer o pré-atendimento. A presidente da entidade, Amarilis Amaral, explica que tudo isso está protocolado.

“[O enfermeiro] vai prescrever as medicações de hipertensão, o anticoncepcional para a mulher, o sulfato ferroso para criança. Tudo isso está protocolado, é norma do Ministério [da Saúde]. Então, o enfermeiro está apto, é para isso que ele faz faculdade. Ele estuda e aprende, não há o que temer em relação a isso.”

Para ser enfermeiro padrão são necessários cinco anos de estudos. A média salarial em Campo Grande é de R$ 4 mil mensais por uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. A rede pública de saúde na capital tem cerca de 250 enfermeiros, a maioria atende em unidades básicas de saúde.

O Conselho Regional de Medicina tem cinco dias para elaborar quais seriam os pontos falhos na normatização e uma nova reunião foi marcada para o dia 24 de agosto no Ministério Público.

 

Fonte: G1 – Mato Grosso do Sul

Youtube Instagram Facebook
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.