Uma nova técnica, a expansão celular, deve ampliar as perspectivas para o tratamento de doenças como leucemia e certos tipos de anemia. Segundo pesquisadores brasileiros, o método permite que as células-tronco coletadas no sangue do cordão umbilical sejam usadas não só por crianças, mas também por adultos. “Atualmente, as células-tronco coletadas do sangue do cordão umbilical são usadas basicamente por indivíduos com peso máximo de 30kg, devido ao volume que é possível extrair durante o parto”, explica o médico Adelson Alves, presidente do Instituto de Terapia Celular Brasil (ITCBr) e um dos pesquisadores envolvidos no estudo. Além disso, a técnica permitirá que um único cordão seja utilizado em mais de um tratamento e em mais de um paciente. A expansão é realizada com o cultivo das células em presença de fatores de crescimento. A técnica será apresentada por Alves no II Simpósio Internacional de Terapias Avançadas e Células-Tronco, que começa nesta sexta-feira e vai até domingo no Rio de Janeiro. O médico acredita que a expansão celular estará disponível para os pacientes já no final deste ano. Bancos públicos e privados O tratamento de doenças com células-tronco do cordão umbilical ainda é incipiente no país. Até agora, o uso desse tipo de célula vem sendo aplicado com sucesso em casos de leucemias agudas ou crônicas, mielomas múltiplos e na anemia de Fanconi, embora outras aplicações estejam em estudo. A coleta do material é feita por alguns bancos públicos e privados. No primeiro caso, as células doadas são utilizadas por qualquer paciente, de acordo com a demanda, assim como acontece nos bancos de sangue. Nas clínicas particulares, o material só pode ser utilizado por quem fez a doação. Os custos para manter as células congeladas são de aproximadamente R$ 600 por ano, além das taxas iniciais de coleta, que variam para cada clínica. Alves explica que as células-tronco de cordão umbilical têm qualidade superior às extraídas da medula óssea, pois envolvem menor transmissão viral e menor possibilidade de rejeição. Outra vantagem é que o material é adquirido com maior facilidade, sem risco para mãe ou bebê. “Para extrair as células da medula óssea é preciso encontrar o doador e realizar um procedimento cirúrgico”, lembra o médico. Medula óssea e embriões Um dos destaques do simpósio são os resultados preliminares de um estudo sobre o uso de células da medula óssea em pacientes com cardiopatias como a causada pelo mal de Chagas, apresentado pelo pesquisador Ricardo Ribeiro dos Santos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Os testes experimentais indicam que a terapia diminui a inflamação e a fibrose, melhorando o funcionamento do coração”, explica Santos. Segundo o cientista, outros estudos em andamento demonstram o potencial da terapia celular em diversas enfermidades, como cirrose, derrame cerebral e doenças auto-imunes como a diabetes tipo 1 e a esclerose múltipla. Os resultados das últimas duas pesquisas serão apresentados pelo cientista Júlio Voltarelli, da USP de Ribeirão Preto. Outro assunto que será debatido pelos cientistas são os avanços nas pesquisas com células-tronco embrionárias, assunto que vem despertando polêmica em vários países, inclusive o Brasil. “As embrionárias têm potencial para se transformar em células de qualquer parte do corpo em uma escala bem maior que as extraídas da medula ou do cordão umbilical”, afirma Santos. Além disso, podem ser úteis para tratar doenças degenerativas, como o Parkinson. Legislação A chamada Lei de Biossegurança, de março de 2005, regulamenta a extração de células-tronco de embriões humanos inviáveis para reprodução desde que congelados há mais de três anos e apenas com o consentimento dos genitores. Para os cientistas, as regras são restritivas demais. No lado oposto, há os que acreditam que a Lei fere o chamado ‘direito à vida’ garantido pela Constituição. Tanto que o artigo que se refere às células-tronco embrionárias está sendo questionado por uma ação do Ministério Público Federal (MPF), elaborada pelo ex-procurador-geral Claudio Fonteles. Após uma audiência pública com especialistas contra e a favor do dispositivo, realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) em abril deste ano, a ação pode ser julgada a qualquer momento. Paralelamente, uma comissão formada por especialistas foi criada para regulamentar o tema, estabelecendo critérios para a definição do termo ‘inviável’ e a estocagem do material, entre outros. “O objetivo é garantir a segurança jurídica e evitar que as células utilizadas em pesquisas clínicas gerem algum risco para os pacientes”, diz Sílvio Valle, pesquisador da Fiocruz. A proposta deve ser enviada para consulta pública pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim deste ano. Após a aprovação, ainda será preciso criar toda a estrutura de armazenamento e transporte das células, que deve ficar a cargo das clínicas de reprodução humana. Fonte: Uol Ciência e Saúde

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