Os pediatras brasileiros publicizaram nesta segunda-feira (17) sua indignação diante de comentários feitos pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, no qual ele diz que os médicos “fingem trabalhar”. Em tom de protesto contra a insinuação, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SB) divulgou uma Carta Aberta, onde contesta a afirmação e cobra do principal gestor federal da rede pública providências para os inúmeros problemas na área.

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Na avaliação da presidente da SBP, Luciana Rodrigues da Silva, historicamente os especialistas na infância e na adolescência têm apoiado as diferentes esferas governamentais na implementação de programas e projetos que contribuem para a melhora dos indicadores epidemiológicos. Contudo, diante dos últimos acontecimentos, ela afirma que os pediatras estão revoltados: “basta de provocações. Exigimos valorização e respeito pelo nosso compromisso permanente com a saúde, o qual não se pauta por interesses outros que não a vida e o bem-estar de milhões de brasileiros”.

No documento, a SBP destaca que a menção feita por Ricardo Barros não reflete a realidade da assistência no País. O texto também repudia o que as lideranças da SBP consideram ser uma estratégia para “lançar sobre os ombros dos médicos a responsabilidade pelas falhas da gestão do SUS, nas esferas federal, estadual e municipal”.

Como contraprova à declaração do Ministro da Saúde, chamada de “generalização infundada”, a SBP apresenta dados do próprio Governo que ressalta a alta produtividade da categoria no atendimento de crianças e de adolescentes. Segundo dados do Ministério da Saúde, somente em 2016 mais de 43 milhões de consultas para essa população foram realizadas. Isso corresponde a uma estimativa de 1,8 mil atendimentos feitos por médico pediatra que atende no Sistema Único de Saúde (SUS).

Também foram feitas críticas diretas à gestão. No entendimento da SBP, os médicos não podem ser culpabilizados pela falta de infraestrutura nos postos de saúde e nos hospitais; pelo desabastecimento de insumos e medicamentos; pela dificuldade de acesso a exames, de forma particular aos de média e alta complexidade; e pelo déficit de 10 mil leitos de internação pediátrica, fechados entre 2010 e 2016.

“O SUS está doente e queremos sua recuperação. Lutamos para mantê-lo vivo e ativo todos os dias e não aceitamos que transformem essa agonia numa pauta de interesse político. Continuaremos a fazer nossa parte. Nós, pediatras e demais médicos, manteremos nosso trabalho porque os pacientes precisam de nós”, encerra, em nota, a entidade.

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