Um levantamento feito pelo Ministério da Saúde nos hospitais apontou que duas especialidades dominam o índice de carência no país: pediatras (32,1%) e anestesistas (30,5%) são os mais difíceis de serem contratados. Psiquiatria (28,8%), neurologia (23,6%), neurocirurgia (20,6%) e medicina intensiva (17,6%) também aparecem com índices significativos e devem ter as carreiras incentivadas, segundo dados do “Estudo da necessidade de Médicos Especialistas no Brasil”, feito em outubro de 2009.

Os números apontam que há uma grande falta de pediatras. O banco de dados do CFM aponta que existem 16.089 profissionais com registro ativo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que deveria existir um médico para cada 20 mil habitantes. Para alcançar essa média, o Brasil precisaria de mais 21 mil pediatras.

A escassez de pediatras estaria atrelada à baixa remuneração que os profissionais recebem. Alguns deles desistiram da “exclusividade” da profissão e já dividem a carreira médica com outra especialidade para complementar a renda. A médica Patrícia Costa Pinto relata que sonhava ser pediatra ao concluir o curso, mas diz que se viu obrigada a seguir, em paralelo, outra especialidade, a hematologia. “O médico recebe hoje não é o que recebia há 20 anos. A pediatria não é uma especialidade que tem outros procedimentos; é só a consulta. E viver só com o valor pago de consultas de plano de saúde ficou complicado”, disse.

Segundo ela, a hematologia tem outros procedimentos, além da consulta, que complementam a sua renda. “Na primeira oportunidade que tive de estudar outra especialidade, fui. Hoje a hematologia me dá mais oportunidades de mercado do que a pediatria. É por isso que a especialidade está cada vez menos escolhida pelos colegas”, afirmou.

Residências mal distribuídas

O levantamento do Ministério da Saúde realmente apontou a existência de desequilíbrios regionais na oferta de especialistas, além da suboferta ou escassez de médicos e dificuldades no recrutamento de médicos especialistas. Além disso, há uma má distribuição de residências médicas para formar especialistas.

Segundo os dados, existe uma distribuição inadequada de vagas de residência médica no país. A região Norte tem apenas 3% desses cursos de especialidades médicas no país. Já o Centro-Oeste tem 7% e o Nordeste, 19%. O Sudeste concentra 60% das residências brasileiras.

“Não concordamos que faltam médicos no país, mas concordamos que existem especialidades em que há carências de profissionais. O Ministério da Educação fez esse levantamento está qualificando os profissionais e direcionando para a necessidade. Mas nesse caso também há concentração regional, mas foi lançado um programa, o Pró-Residência, que tem a intenção de abrir novas residências. Mas só se pode abrir uma nova com um hospital adequado, e tudo isso requer investimento, para habilitação de centros para estudo”, afirmou o vice-presidente do CFM, Carlos Vital.

Baixos salários e estrutura precária causam “apagão médico” no Norte e Nordeste “Aumentar as vagas não é prestar um bom serviço à saúde”, diz CFM

Fonte: UOL Ciência

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