A nicotina absorvida através de adesivos para parar de fumar eleva os batimentos cardíacos e a pressão arterial, mas recente pesquisa feita por um brasileiro nos Estados Unidos comprovou que o efeito é passageiro e não cumulativo como o de outros elementos tóxicos existentes no cigarro. O trabalho é do cardiologista Márcio Gonçalves de Sousa, que usou fumantes voluntários, no maior centro de investigação sobre efeitos cardiovasculares do fumo, na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Márcio, que coordena o Comitê de Controle do Tabagismo da Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC, acaba de voltar dos EUA e vai participar da discussão do Brasil Prevent, que começa na próxima sexta, 18 de setembro, no Expotrade de Curitiba, durante o Congresso Brasileiro de Cardiologia.

O Brasil Prevent é um evento voltado especificamente para a prevenção das doenças cardiovasculares, que são líderes de mortalidade no País. Os problemas relacionados ao coração causam 350 mil mortes a cada ano, grande parcela das quais evitáveis, diz o médico, se combatidos adequadamente os fatores de risco. Os principais fatores de risco são a obesidade, colesterol elevado, hipertensão arterial, sedentarismo e, em especial, o tabagismo.

Pesquisa com cigarro e nicotina – Márcio Gonçalves de Sousa conta que trabalhou nos Estados Unidos com o Prof. Neal Benowitz, no grupo de Stanton Glantz, considerado o inimigo número um da indústria do fumo, com quem desenvolveu o projeto de pesquisa de três semanas, para a qual contou com jovens fumantes saudáveis, que dividiu em três grupos.
         “Na primeira semana os voluntários fumaram normalmente”, conta o especialista, e passaram por exames completos, incluindo a monoximetria, que indica a quantidade de monóxido de carbono no organismo.
Na segunda semana não foi permitido fumar e um grupo recebeu diariamente adesivo de nicotina com 21 mg, outro adesivo com 42 mg e um terceiro recebeu placebo, isto é, esses voluntários receberam adesivo, mas sem saber que não continha nicotina alguma. Já na terceira semana todos permaneceram sem fumar.
         A análise dos efeitos cardiovasculares mostrou que com o cigarro e também com o adesivo, o organismo reagia com aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. O que explica porque, havendo outros fatores de risco, um único cigarro pode, em determinado momento, ser o gatilho para um infarto.

         Resultado positivo – A boa notícia, revela o médico, é que enquanto o efeito nefasto sobre o coração é crônico, quando do uso do cigarro, o efeito provocado pelo adesivo de nicotina desaparece sem sequelas, rapidamente, o que confirma o adesivo como um tratamento indicado para o tabagismo. O estudo foi muito completo, conclui o médico. “Fizemos análise de vários marcadores inflamatórios ligados a problemas cardiovasculares e não constatamos efeitos negativos do adesivo, nenhuma alteração da coagulação nem alterações na resistência à insulina, por exemplo”.

A pesquisa reforça a segurança do adesivo de nicotina no tratamento do tabagismo e é importante na luta da redução do mesmo. O Brasil é um dos países que mais conseguiu reduzir sua prevalência, 30% nos últimos 10 anos. O que faz com que hoje menos de 11% da população adulta seja tabagista. O resultado da pesquisa é subsídio para as campanhas que objetivam fazer com que mesmo essa população abandone o cigarro.


70º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Museu do Coração
Local: Expotrade Convention Center
Endereço: Rodovia Deputado João Leopoldo Jacomel, nº 10.454 – Vila Amélia Pinhais/PR
Datas: 18 a 21 de setembro de 2015
Informações:  http://congresso.cardiol.br/70/

 

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