A necessidade de resgate do médico humanista e o que está sendo feito em sala de aula para que as novas gerações vejam o paciente e não apenas a doença foram debatidos na manhã desta quinta-feira (10), nas duas primeiras atividades do VI Congresso Brasileiro de Humanidades Médicas, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília, nos dias 10 e 11 de agosto. Ao anunciar a primeira conferência, o presidente do CFM, Carlos Vital, afirmou ser constante a luta pela humanidade na prática médica e lembrou que «apesar dos avanços científicos, o médico será sempre um cuidador de homens».

O primeiro conferencista foi o ex-presidente do CFM, Roberto Luiz d´Avila, que na sua gestão promoveu, em 2010, o primeiro congresso sorbe o tema. Professor da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Roberto d´Avila mostrou como procura sensibilizar, em sala de aula, seus alunos. Usando indicações de livros, filmes e artes visuais, o professor busca fazer com que seus alunos vejam o outro. «Como é uma disciplina optativa, os alunos não pagam para cursá-la, há alunos que deveriam estar ali e não estão e outros que não precisariam, pois têm uma empatia natural com seus pacientes, mas que lá estão», relatou.

O ex-presidente do CFM, Roberto Luiz d´Avila, falou aos participantes do congresso sobre estratégias para sensibilização dos alunos de Medicina durante as aulasRoberto d´Avila definiu humanidades como um conjunto de disciplinas que contribuem para a formação do ser humano, independentemente de qualquer finalidade utilitária. «Sinto arrepios quando me deparo com os chamados programas de humanização. Não se humaniza por decreto. É preciso sensibilizar o médico a ver o outro», afirmou. A arte, para o professor e ex-presidente do CFM, é um dos caminhos para essa sensibilização. Em suas aulas, Roberto d´Ávila pede para seus alunos lerem e resumirem textos de escritores médicos como Guimarães Rosa e Tchekhov, ou de outros que falam da relação médico-paciente, como Tolstoi. Também são debatidos filmes como “Peixe Grande” e «Minhas tardes com Margueritte». «Os resultados têm sido muito bons, tanto que alguns dos meus alunos vão apresentar trabalhos neste Congresso», congratulou.

A conferência de Roberto Luiz d’Avila pode ser acessada aqui.

Artes Plásticas – A palestra seguinte foi dada pelo professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina Ylmar Corrêa Neto, que falou sobre «A medicina e as artes plásticas». Ylmar apresentou imagens de várias telas que apresenta em sala de aula para sensibilizar seus alunos. «Ao mostrar um quadro de um médico tirando o pulso de um paciente lembro para esses alunos que ao fazerem o mesmo eles estão encarnando mais de mil anos da nossa profissão», contou.

As artes plásticas também são usadas para ajudar o aluno a encarar o desafio da morte. «É melhor que primeiramente o aluno entre em contato com ela pela arte, antes de encará-la na dureza de uma enfermaria de hospital», argumentou. Ao final da palestra, Ylmar Côrrea apresentou o vídeo «Meat Man», de Diego de los Campos, que mostra a decomposição de uma escultura feita de carne moída. «As imagens são fortes, mas nos ajudam a pensar sobre a finitude da vida e sobre o quando devemos ter uma atitude humanizadora diante do nosso paciente», afirmou.

Acesse aqui a apresentação de Ylmar Corrêa Neto.

O VI Congresso Brasileiro de Humanidades Médicas continua à tarde e amanhã com palestras e oficinas. A solenidade de abertura será nesta quinta-feira (10), à noite.

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