Vistoria que ocorreu na manhã desta terça (18) mostrou que o Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV), em Porto Alegre e 100% SUS, transformou-se em um hospital fantasma. A falta de pessoal provoca fechamento de alas inteiras (como da internação pediátrica), redução de mais de 50% nos leitos para tratamento de gestantes dependentes de drogas (único serviço na Capital) e cancelamento de cirurgias. Além disso, mulheres após terem seus bebês são colocadas em macas ao lado de gestantes que ainda estão em trabalho de parto, em vez de serem acomodadas na área de recuperação, como ocorre em qualquer hospital e já foi realidade no próprio HMIPV.

     O diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) Jorge Eltz acompanhou a inspeção, liderada pela Comisssão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Porto Alegre (Cosmam). A iniciativa ocorreu depois que servidores denunciaram que o estabelecimento reduziu cirurgias e internações por falta de técnicos de enfermagem. A comissão da Câmara e representantes de entidades reuniram-se em um auditório, onde os servidores expuseram a situação enfrentada, depois foram convidados a percorrer os andares do hospital.

      Os dirigentes verificaram andares com unidades inteiras sem pacientes, como o 4º andar, onde ficam 38 leitos da área de internação pediátrica. As crianças que precisam de internação são mantidas nos leitos de observação da emergência, situada no térreo, onde chegam os casos urgentes. No local, a capacidade é para 25 leitos, mas os funcionários informaram que apenas 10 estão sendo disponiblizados. Quando a demanda é maior para internação, crianças atendidas na emergência entram na fila de espera por leitos em outros hospitais. “É um absurdo. Precisam transferir crianças a outras unidades quando nos andares superiores há leitos fechados”, lamenta o diretor do SIMERS.

     A situação de hospital fantasma se repete em outros andares. No 3º andar, a UTI Pediátrica tem 14 leitos, mas apenas seis estão funcionando. No 7º andar, são cerca de 20 leitos para internação e cirurgia, apenas sete estão ativados. A razão é a falta de pessoal, que gera cancelamento de cirurgias, com remarcações que chegam até junho. Também há dificuldades geradas por problemas com equipamentos para procedimentos na área da saúde da mulher. Em três semanas, foram canceladas 15 cirurgias.

    Os médicos residentes estão preocupados com a formação, pois a baixa demanda de pacientes e as alas reduzidas dificultam o aprendizado. A ala psiquiátrica que fica no 5º andar está mantendo 10 leitos dos 24 existentes. No espaço, havia cinco vagas para gestantes dependentes de substâncias químicas, agora são duas. O serviço é unico em Porto Alegre com esta especialidade, que garante acompanhamento e cuidados depois com os bebês. No 10º andar, onde funciona o Centro Obstétrico, não há sala de recuperação. Após o parto, as mães são colocadas em macas no corredor ao lado de gestantes em trabalho de parto.

    Para o dirigente do SIMERS, o caos está instalado. “Constatamos que o HMIPV virou um hospital fantasma. É um desrespeito com os médicos, funcionários e com a população que precisa de atendimento”, disse o diretor. O presidente da COSMAM, Thiago Duarte, reunirá em um único relatório as verificações do SIMERS e do COREM e solicitará de imediato o chamamento de técnicos de enfermagem. “A Câmara no ano passado, em três semanas, criou uma centena de cargos de técnicos de enfermagem e é fundamental que sejam chamados para diminuir a dor da população,” afirmou Duarte.

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