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Pediatria diante de uma epidemia silenciosa: CFM aponta urgência na atenção à saúde mental das crianças

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Na conferência “O futuro da prática pediátrica: desafios e oportunidades”, realizada no V Fórum Virtual de Pediatria do Conselho Federal de Medicina (CFM), o professor titular de pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jefferson Piva, fez um diagnóstico contundente sobre o cenário atual da saúde infantil. Segundo ele, a pediatria enfrenta uma epidemia silenciosa e crescente de problemas de saúde mental, exigindo uma transformação profunda na formação e na atuação dos profissionais. “Estamos no começo de uma epidemia sem sinal de estabilização. Todos os marcadores nos levam a isso”, afirmou Piva.

O especialista apontou que a “ruptura da bolha familiar” ocorre cada vez mais cedo, com crianças expostas a um ambiente digital intenso e a uma perda de referências, resultando em uma “personalidade frágil e vulnerável”. Esse contexto, segundo ele, explica o aumento expressivo de diagnósticos de ansiedade, depressão e distúrbios de comportamento, que agora demandam um olhar clínico integrado e preventivo por parte do pediatra.

A complexidade crescente nos hospitais e a crise dos leitos

Além da saúde mental, Piva destacou uma mudança drástica no perfil dos pacientes hospitalizados. A pediatria de hoje lida com um número crescente de crianças com condições crônicas complexas e dependência tecnológica, como as que necessitam de gastrostomia ou traqueostomia. “Se vocês visitarem a enfermaria do hospital de vocês hoje, eu garanto que 50 a 60% dos pacientes internados lá têm complexidade médica ou dependência tecnológica”, ressaltou.

Essa nova realidade demanda internações mais longas e cuidados intensivos. No entanto, o sistema de saúde caminha na direção oposta. Conforme dados apresentados, o Brasil perdeu cerca de 18 mil leitos pediátricos nos últimos 17 anos, uma redução muito mais acelerada que a de outros países, sem a devida compensação com leitos de maior complexidade. “A matriz hospitalar não pode ser a mesma de 1980. Ela tem que ser diferente, porque há outra necessidade para esse tipo de paciente”, defendeu Piva.

O pediatra do futuro: um líder de equipes multidisciplinares

Para enfrentar esses desafios, o especialista argumenta que o pediatra precisa transcender o papel clínico tradicional e assumir novas competências. Com o conhecimento médico duplicando a cada dois anos, a atualização constante é apenas o ponto de partida. A grande transformação, segundo ele, está na capacidade de liderar equipes.

“Nós pertencemos a equipes. A tendência é que sejamos os líderes dessa equipe, e nós não fomos treinados para exercer liderança”, ponderou Piva. Ele defende que o pediatra do futuro deve ser um gestor, um comunicador e um negociador, capaz de orquestrar o cuidado junto a enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos e outros profissionais, além de ter uma visão administrativa para otimizar recursos.

Diante desse cenário, o Conselho Federal de Medicina reforça seu compromisso com a promoção de uma prática pediátrica atualizada, humana e baseada em evidências. O órgão estimula a capacitação permanente dos profissionais e o fortalecimento do diálogo intersetorial, entendendo que o enfrentamento de desafios emergentes, como a saúde mental na infância, requer ações coordenadas para garantir a proteção integral das crianças e o pleno exercício da ética médica.

O evento completo, que abordou diversos outros temas relevantes para a pediatria, foi transmitido pelo YouTube e pode ser assistido neste link.

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