Daniella Arruda A exemplo da dona de casa que empresta um pouco de pó de café à vizinha porque o dela acabou, a Santa Casa de Campo Grande emprestou 5.000 frascos de soro ao Hospital Universitário – que desde março deste ano vive colapso, com falta de medicamentos e materiais –, sob a condição de receber o produto de volta até 17 de junho. O prazo não foi cumprido, o hospital teve que tomar providências para repor o estoque e decorridos 24 dias, não se sabe quando os frascos de soro serão devolvidos. Segundo o presidente da junta administrativa da Santa Casa, Rubens Trombini, o empréstimo foi um ato emergencial de contribuição para a assistência à saúde, havendo o entendimento que a população seria prejudicada, pois seria diminuída a capacidade de atendimento. “Estamos vivendo e não vamos parar por causa disso, é um episódio que não repercute diretamente na assistência da Santa Casa. Socorremos o HU em material, mas também socorremos todo o Estado em atendimento médico”, disse. Segundo o chefe do almoxarifado do HU, Magno da Fonseca Cação, o material será devolvido à Santa Casa entre hoje à tarde até segunda-feira. “A gente recebeu este material nesta semana e espero devolver logo”, disse. Colapso Três meses depois de o sistema público de saúde da Capital ter ficado em situação de calamidade pública durante o feriadão de Corpus Christi, o presidente da junta interventora faz um alerta – o cenário pouco mudou em relação àquele período e a sobrecarga nas urgências continua. De janeiro a junho deste ano, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) encaminhou 16. 653 pacientes aos três hospitais que atendem urgência na Capital – 7.653 (46%) à Santa Casa, outros 5.000 (30%) ao Hospital Regional e 4.000 (24%) ao HU. “Não conseguimos baixar (a superlotação) e ainda temos que atender demanda de Douracos, Coxim, Corumbá e outros municípios. Dourados, por exemplo, tem atendimento de maior complexidade mas continua mandando pacientes para serem atendidos aqui na Santa Casa”, comentou. Ontem, havia 50 pessoas internadas no setor de urgência do hospital. Desafio Para Rubens Trombini, o episódio envolvendo emprétimos de materiais e medicamentos entre hospitais é uma tradução do espelho da saúde pública no País e no caso dos hospitais universitários, reflete a falta de política para esses estabelecimentos. “Não se abrem concursos para professores, não se investe em parque tecnológico. Um hospital universitário deve ser excelência em qualidade, um aparelho formados de recursos humanos na área da saúde. Mas o que se vê no Estado hoje? Universidades particulares que oferecem o curso de Medicina não têm hospital-escola; temos acadêmicos do 6º ano de Medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) fazendo estágio aqui em Campo Grande, na Santa Casa e no Hospital Regional”, comentou. (fonte: jornal Correio do Estado – 11.07.2008)

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