Quando detectada no início, doença tem 90% de chances de cura, que caem para 70% de outra forma, diz estudo Pesquisa mostrou que 87% dos pacientes do SUS descobrem o câncer e iniciam o tratamento com muito atraso Apenas 13% dos pacientes com linfoma conseguem diagnosticar a doença precocemente no SUS. Já na rede privada de saúde, o índice de casos iniciais é três vezes maior (37%). Os dados vêm de estudo inédito com 540 pacientes da rede pública de saúde (Santa Casa, Unifesp e Unicamp) e de três instituições privadas (hospitais Santa Isabel e Samaritano e Centro Paulista de Oncologia). O trabalho será apresentado no congresso mundial sobre linfomas, em outubro, na Alemanha. Na avaliação dos especialistas, o principal entrave que leva 87% dos pacientes do SUS a descobrirem tardiamente o linfoma é a demora no atendimento. No sistema público, os pacientes esperam até seis meses para fazer os exames de imagem e a biópsia, procedimentos fundamentais ao diagnóstico desse tipo de câncer, que afeta o sistema linfático. Nos hospitais privados de ponta, o diagnóstico e o início do tratamento podem ser feitos em menos de um mês, como aconteceu com a candidata à Presidência Dilma Rousseff, que em março do ano passado descobriu um linfoma não-Hodgkin em estágio inicial e foi tratada no Hospital Sírio-Libanês. Segundo Carlos Chiattone, professor de hematologia da Santa Casa de São Paulo e coordenador da pesquisa, as chances de cura para os casos descobertos precocemente são de 90%. Com diagnóstico tardio, as possibilidades caem para 70%. “Há um desconhecimento muito grande sobre linfoma, inclusive entre os médicos de outras especialidades”, afirma o médico, também diretor da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. A maioria dos linfomas começa com o crescimento de um gânglio (íngua), sintoma que também aparece em um processo infeccioso comum, o que pode confundir o diagnóstico inicial. A diferença é que, no linfoma, essa íngua é indolor na maioria das vezes. CAMINHO LONGO Além do desconhecimento, no caso do doente do SUS, há um longo caminho até a certeza do diagnóstico. “Ele chega ao médico da atenção básica, que o encaminha para um clínico, que o manda para um hematologista, que o encaminha para um cirurgião para fazer a biópsia, que vai precisar de um patologista para avaliá-la e por aí vai”, diz Chiattone. O sistema de referência e contrarreferência do SUS, que regula o encaminhamento de pacientes na rede pública, também é falho. Segundo a onco-hematologista pediátrica Ana Lúcia Cornacchioni, só 20% dos pacientes chegam ao Itaci (Instituto de Tratamento do Câncer Infantil), ligado ao Hospital das Clínicas, encaminhados por meio desse sistema. “Na maioria dos casos, os médicos nos ligam e pedem uma avaliação.” Se por um lado isso demonstra desorganização, por outro, revela atitude não muito habitual. “Muitos médicos da atenção básica de saúde nem chegam a pensar no diagnóstico do linfoma.” MINISTÉRIO Para o Ministério da Saúde, não há evidências técnico-científicas que justifiquem um programa de diagnóstico precoce de linfoma no SUS. Pelo fato de o linfoma não apresentar uma evolução biológica que permita adotar ações de detecção, o mais importante seria o diagnóstico correto, segundo a pasta. “O SUS disponibiliza todos os meios necessários para o diagnóstico: consultas especializadas, exames de imagem e exames de laboratório de patologia clínica, de citologia e de histopatologia.” | Fonte: Folha de São Paulo – 21/09/2010

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