Conselho, entidades e gestores debatem crise no setor e possíveis soluções
 
Baixa resolutividade, falta de capacitação e hospitais despreparados ao atendimento adequado. Esses são alguns dos problemas enfrentados todos os dias pelos profissionais que atuam na urgência e emergência em Mato Grosso do Sul. O assunto foi tema de debates, entre os dias 5 e 6 de agosto, durante o 1º Fórum Médico de Urgência e Emergência, realizado na sede do Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), em Campo Grande.

O presidente da entidade, Juberty Antônio de Souza, enfatizou a importância vital da urgência e emergência e a disposição incondicional dos profissionais que trabalham no setor. “Há imensa boa vontade e desprendimento dos médicos, das equipes de socorro, do SAMU, dos bombeiros e até da população, que muitas vezes presta o primeiro atendimento”, disse. Segundo ele, são necessárias e urgentes ações como capacitação dos profissionais e aquisição de equipamentos, para uma maior resolutividade. “O médico está na linha de frente, e, quase sempre é o único responsabilizado por um sistema frequentemente falho; isso precisa ser revisto e mudado”, afirmou. Juberty também defendeu ações coordenadas, como informação regular e constante para a populaçao de uma forma geral e para os motoristas e motociclistas em especial, já que grande parte das vagas na urgência e emergência é ocupada por vítimas de acidentes de trânsito”. 

A abertura do Fórum contou com a presença da secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, do secretário de Saúde da Capital, Leandro Mazina, e do deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), membro da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara Federal, além de representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), de hospitais, das entidades médicas, dos serviços de urgência e emergência, como o SAMU e o Corpo de Bombeiros, das sociedades de especialidades, universidades e acadêmicos de Medicina.

Epidemia do século XXI

A secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, também lembrou as consequências desastrosas do aumento dos acidentes de trânsito registrados em todo o Mato Grosso do Sul, que configuram o que ela chamou de “uma verdadeira epidemia”.

Dados da Companhia Independente de Policiamento de Trânsito (Ciptran) revelam que pelo menos um acidente é registrado por hora em Campo Grande, o que reflete o cenário nacional. Segundo o Ministério da Saúde, 145,9 mil vítimas de acidentes de trânsito foram internadas no ano passado e tiveram tratamento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Hoje, ainda temos campanhas muito tímidas para fazer frente à violência muito grande, a verdadeira epidemia, que vemos no trânsito diariamente”, reconheceu a secretária Beatriz. Segundo ela, somente com campanhas setorizadas, em parceria com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MS) e outras ações educativas, será possível reverter as estatísticas, já que o aumento desenfreado no número de acidentes repercute diretamente na urgência e emergência dos hospitais, sobrecarregando todo o setor. Beatriz anunciou a expansão do SAMU, que passará a contemplar todas as macrorregiões do Estado.

Para o secretário de Saúde da Capital, Leandro Mazina, além da “epidemia do trânsito”, que considerou “insuportável”, o setor de urgência e emergência tem ainda alguns agravantes, como o subfinanciamento e a dificuldade até mesmo de montar escalas de profissionais. “Muitos saem das Unidades de Pronto Atendimento e temos essa dificuldade, de simplesmente fechar as escalas”, disse. “Sem contar o déficit de recursos, que, no caso do SAMU, pode chegar a R$ 25 milhões ao ano”, complementou.

Em debate

Durante o fórum, foram discutidos temas como: o limite para a vaga zero; O financiamento da saúde e a crise na Urgência e Emergência; A Realidade atual das grandes unidades de urgência e emergência do Estado; As dificuldades no atendimento Pré-hospitalar de Urgência; A atualização do atendimento do SAMU; A importância do 1º atendimento do paciente grave em relação ao prognóstico na Unidade de Terapia Intensiva; De quem é a responsabilidade do paciente crítico internado na sala de emergência por falta de vagas em UTI; A superlotação dos Prontos-Socorros em Campo Grande; e a Situação atual do ensino de Urgência e Emergência na graduação dos cursos de Medicina em Mato Grosso do Sul.

Opinião 

 “Hoje, enfrentamos a baixa resolutividade, a falta de capacitação, que deve ser contínua, e hospitais muitas vezes poucos capacitados ao atendimento”.
Mauro Ribeiro
Conselheiro federal e coordenador do SAMU em Campo Grande

“Enquanto CRM, temos a responsabilidade de levantar esse debate, buscar soluções, já que atualmente o setor de urgência e emergência tornou-se o desaguadouro da falência do SUS”.
Rosana Leite de Melo
Conselheira do CRM-MS
 

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