Os desastres, principalmente de motocicleta, e os ferimentos com arma de fogo, fraturando e destruindo os ossos do esqueleto são algumas das preocupações que os ortopedistas levam para o 45º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia que vai de hoje (14) ao próximo sábado (16), nos auditórios da Expo Unimed, em Curitiba.

    O diretor científico do evento, Cláudio Santili, calcula em 6.000 os congressistas vindos de todos os Estados do Brasil e também dos países limítrofes, que terá como temas centrais a prevenção dos acidentes com veículos e a necessidade de rápido atendimento hospitalar. “É que no Brasil muitas vidas se perdem dentro das ambulâncias”, explica Santili, “no trajeto entre o local do acidente e o hospital que, ao levar muito tempo devido às condições de trânsito, propicia a morte por hemorragia ou por choque neurogênico”.

    A abrangência do Congresso é muito grande, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT, Flávio Faloppa, e por isso mesmo as 12 especialidades ortopédicas estarão representadas, inclusive com o ‘Dia da Especialidade’, no qual se reunirão debatendo os temas mais candentes de cada área os profissionais que se especializaram em joelho, tronco, problemas do quadril, do pé ou da cabeça. “E não são apenas especialistas brasileiros”, pois segundo Faloppa o evento eminentemente educativo contará com renomados professores estrangeiros, entre os quais Jeffrey Anglen, da Academia de Trauma dos Estados Unidos e Jessy Jupiter, especializado no tratamento de fraturas de mão e membros superiores.

    Um dos assuntos mais importantes é como tratar os cada vez mais frequentes casos de vítimas de armas de fogo que, além de afetar órgãos como o pulmão, o estômago, o fígado, fazem grande destruição no tecido ósseo, exigindo conhecimento especializado dos ortopedistas, alguns dos quais mergulharam até mesmo no estudo da balística, como é o caso de um especialista carioca.

    Tribuna livre para criticar – “Uma inovação no congresso atual é a ‘Tribuna Livre’, que vai funcionar no maior auditório”, explica Cláudio Santili, e na qual qualquer ortopedista poderá usar o microfone para reclamar e criticar.

    Santili conta que o número de reclamações que recebeu durante a montagem do evento foi tão grande, que resolveu criar a Tribuna. “Muitos profissionais tem queixas contra os salários que recebem depois de anos de faculdade, de residência, de especialização e de educação continuada, enquanto os médicos estrangeiros contratados pelo Ministério da Saúde e que não se submetem sequer ao exame de qualificação, ganham muito mais do que eles”.

    “Mas este é apenas um exemplo”, diz Santili, outra reclamação é da constante migração dos pacientes por falta de boa distribuição dos serviços especializados em Ortopedia. É o caso de milhares de acidentados, de moto principalmente, que são colocados pelas Prefeituras numa ambulância e transportados sem os cuidados necessários para hospitais longínquos, nas Capitais estaduais.

    Outra reclamação constante é que os ortopedistas se capacitam, acompanham os cursos que custosamente a SBOT organiza, acumulam o mesmo conhecimento que tem os ortopedistas dos países mais desenvolvidos e, uma vez nos serviços, não tem acesso à infraestrutura e aos equipamentos mais modernos. “O governo libera verba para contratação de médicos, mas não para a conclusão dos hospitais com obras paralisadas nem para a aquisição do material disponível”, lembra.

    “Como responsável pela parte científica do congresso, achei justo oferecer um foro adequado para a reclamação desses médicos”, diz Santili. O evento ainda terá uma grande exposição, em que laboratórios e indústria apresentam o que há de mais moderno para tratamentos ortopédicos, equipamentos necessários, mas que não estão disponíveis para os ortopedistas que trabalham na maioria dos serviços, principalmente nas cidades do Interior.

    “ Eles querem externar sua frustração e a SBOT acha que tem o direito”, conclui, tanto que durante o evento será discutida a questão da Medicina cara. “Hoje há recursos tecnológicos extremamente modernos mas, infelizmente, caros, tanto que até os EUA enfrentam problemas em financiar a Medicina de ponta, e isso merece ser discutido”.

     Outro problema é a necessidade da prevenção adequada, pois leis mais rígidas sobre dirigir alcoolizado ou sob efeito de drogas, o que acontece com motoristas de caminhão que precisam obedecer a prazos de entrega, falta de rigor na fiscalização de automóveis sem condições de trafegar e presença de milhões de motoristas sem habilitação que não são punidos, aumentam o número de acidentes, a perda de vidas e o trabalho dos ortopedistas. “Sabemos muito bem que os efeitos de um acidente atingem não apenas a vítima, mas geralmente sua família, que se empobrece com o acidentado incapaz de trabalhar e precisando por vezes fazer anos de terapia para se recuperar. São problemas graves como esses que começamos a discutir no mais importante congresso de Ortopedia do Continente”, conclui.

45º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia

Local: Teatro Positivo e ExpoUnimed Curitiba – Centro de Exposições

Endereço: Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido – Curitiba – PR

Datas: 14 a 16 de novembro de 2013 Informações: www.cbot2013.com.br/

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